terça-feira, 7 de novembro de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (160)

160 | Ano A | 31ª Semana Comum | Quarta-feira | Lucas 14,25-33

08/11/2023

A ligação desta cena com a anterior parece ser as desculpas da elite religiosa e econômica para não aceitar o convite à festa do Reino: “Acabei de casar e, por isso, não posso ir; comprei um campo, e preciso ir vê-lo; comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-las”. A esses sujeitos típicos e exemplares, os interesses individuais parecem ser álibi suficiente para não se engajar na obra de Deus e não participar daquilo que é bem comum.

Diante de uma relativa multidão que manifesta interesse por ele, Jesus volta a enfatizar a prioridade do Reino de Deus sobre vínculos familiares e os interesses pessoais, pedindo que cada discípulo/a avalie os riscos e as exigências de seguir seus passos e assumir seu sonho a fim de “não fazer feio” e “cair fora” logo depois de ter iniciado com entusiasmo.

Para deixar isso bem claro para todos/as os/as seus ouvintes, Jesus recorre a duas parábolas: a primeira, focalizada na construção de uma torre; a segunda, centrada na preparação para uma batalha. Em ambos os casos, o sujeito em questão deve analisar bem os recursos e forças que dispõe, fazer os cálculos e concluir se consegue ou não levar a obra ou a luta até o fim.

Jesus já havia advertido seus discípulos sobre o risco de sofrer uma morte violenta e ignominiosa, inclusive em nome da religião. É como se agora ele quisesse dizer aos candidatos/as a discípulo/a: segui-lo é uma decisão muito comprometedora. Usando um ditado popular, não se trata de entrar na omelete como a galinha (dando os ovos) mas como o porco (dando a carne).

É claro que, com essas parábolas, Jesus não pretende desencorajar os/as discípulos/as. O que ele quer é advertir-nos que não é possível aderir ao Reino de Deus pela metade, que não podemos iludir-nos com a possibilidade de servir a dois senhores, que a perseverança pressupõe uma decisão lúcida e consciente, que precisamos sempre contar com as renúncias e riscos.

Lucas conhece bem a inconstância e os sinais de retrocesso das comunidades diante das dificuldades que estão enfrentando. O núcleo dos perigos é o apego às riquezas, das quais a família patriarcal era um dos elos importantes.

 

Meditação:

§  A maioria de nós iniciou a caminhada da fé cristã sem reflexão e consciência sobre as exigências que ela comportaria

§  O que tínhamos presente era apenas um conjunto de obrigações e proibições de ordem moral, que não tocavam nos bens

§  Hoje, com a aguda consciência que temos, precisamos renovar essa opção avaliando bem os custos e as nossas possibilidades

§  O que é que está nos pressionando mais e tornando menor nossa adesão ao Evangelho, dificultando a nossa perseverança?

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