A fé é um
dinamismo que aproxima, suplica, acolhe e agradece | 530 |13. 11.2024 | Lucas 17,11-19
Esta cena ocorre quando Jesus nos está na última
etapa do seu caminho a Jerusalém. Na cena de ontem ele nos ensinava que quem se
aventura a seguir seus passos e compartilhar sua vida não pode pensar em créditos
ou méritos. Ele se fez homem e servo, e segui-lo significa estar pronto a
servir generosamente e incondicionalmente. Estar com ele é fazer o que ele faz
e ir até onde ele vai.
É nesta caminhada de “subida” a Jerusalém que um
grupo de dez leprosos se aproxima dele e pede que considere sua miserável
situação com compaixão e misericórdia. A decisão de se aproximar de Jesus e
pedir-lhe algo já representa um passo gigantesco, possível somente a partir de
uma fé robusta. Jesus não faz nada, apenas dá-lhes uma ordem: eles devem ir ao encontro dos sacerdotes no
templo, como se estivessem curados.
Eles levam a Palavra de Jesus a sério e, no
caminho, dão-se conta de que estão purificados. Dirigiram-se ao templo em
atenção à Palavra de Jesus, a quem reconheceram como “mestre”. O relato chama a
atenção para um deles que, vendo-se purificado (porque além de doença, se dizia
que a lepra os deixava impuros) volta ao encontro de Jesus, joga-se aos seus pés
para agradecer, e louva a Deus.
Todos obedecem à Palavra de Jesus, mas só um
reconhece que nele aconteceu a salvação que vem de Deus. E este é um
samaritano, estrangeiro, considerado herege e dissidente, discriminado pelos
judeus de Jerusalém. É correto deduzir que os outros nove são judeus. Então, aqui
temos um eco daquilo que Jesus dissera em Nazaré: seu povo presume que tem
prioridade nos benefícios de Deus, mas Deus prioriza os marginalizados (como o
são os estrangeiros).
Jesus não faz nenhum gesto de cura, nem sequer chama a atenção para si
mesmo como curador, mas elogia aquele samaritano, porque teve fé. Na verdade, a
fé antecede a cura, mas se expressa posteriormente, como gratidão e louvor a
Deus. A fé é demonstrada na escuta e obediência à Palavra, na caminhada ao templo
e no agradecimento. Jesus não costuma pedir agradecimento e reconhecimento das
pessoas que são beneficiadas por sua ação, mas ele sabe que o louvor expressa a
ruptura com o fechamento, com o egoísmo, com a arrogância.
Meditação:
§ Leia e releia esta passagem, acompanhando os
personagens, observando os gestos e palavras de cada um
§ Você seria capaz de acatar e obedecer à Palavra
de Jesus, mesmo sem ele ter atendido seu pedido?
§ Você costuma reconhecer e agradecer a ação de
Deus e do próximo em sua vida, ou presume que tudo é mérito seu?
§ Qual é a forma mais frequente da sua oração: o
pedido e a intercessão ou o agradecimento e o louvor?
Um comentário:
Oração, oração, oração...
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