sexta-feira, 1 de novembro de 2024

O Evangelho dominical (Pagola) - 03.11.2024 (Se a solenidade de Todos os Santos foi celabrado dia 1º)

A PRIORIDADE ABSOLUTA É AMAR

Há poucas experiências cristãs mais alegres do que encontrar de repente uma palavra de Jesus que ilumina o mais profundo do nosso ser com uma luz nova e intensa. Assim é a resposta àquele escriba que pergunta: “Qual dos mandamentos é o primeiro de todos?”

Jesus não hesita. O primeiro de tudo é amar. Não há nada mais decisivo do que amar a Deus com todo o coração e amar os outros como nos amamos a nós mesmos. A última palavra é sempre do amor. Está claro. O amor é o que verdadeiramente justifica a nossa existência. A seiva da vida. O segredo ultimo da nossa felicidade. A chave da nossa vida pessoal e social.

É assim. Pessoas de grande inteligência, com uma assombrosa capacidade de trabalho, de uma eficácia surpreendente em diversos campos da vida, acabam sendo seres medíocres, vazios e frios quando se fecham à fraternidade e se vão incapacitando para o amor, a ternura ou a solidariedade.

Pelo contrário, homens e mulheres de possibilidades aparentemente muito limitadas, pouco dotados para grandes sucessos, terminam com frequência irradiando uma vida autêntica à sua volta simplesmente porque se arriscam a renunciar aos seus interesses egoístas e são capazes de viver com atenta generosidade para com os outros.

Acredite-se ou não, dia após dia vamos construindo em cada um de nós um pequeno monstro de egoísmo, frieza e insensibilidade para com os outros ou um pequeno prodígio de ternura, fraternidade e solidariedade com os necessitados. Quem nos poderá libertar dessa incrível preguiça de amar com generosidade e desse terrível egoísmo que se aninha no fundo do nosso ser?

O amor não se improvisa, nem se inventa, nem se fabrica de qualquer maneira. O amor acolhe-se, aprende-se e transmite-se. Uma maior atenção ao amor de Deus revelado em Jesus, uma escuta mais profunda do Evangelho e uma maior abertura ao seu Espírito podem fazer brotar pouco a pouco do nosso ser possibilidades de amor que hoje nem sequer suspeitamos.

José Antônio Pagola

Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez

Nenhum comentário: