sexta-feira, 1 de novembro de 2024

A vida não nos é tirada, mas transformada

Para nós que cremos, a vida não nos é tirada, mas transformada | 521 |02. 11.2024 | Lucas 12,35-40

O texto do Evangelho escolhido para iluminar a comemoração dos fiéis defuntos enfatiza a espera vigilante. Jesus se dirige aos discípulos e discípulas, e sua fala está marcada pelo contexto de crise da espera e do esmorecimento da confiança que os discípulos da comunidade de Lucas enfrentavam com a demora do “retorno” de Jesus. Sabemos que a esperança é essencial para quem segue Jesus, e o Ano Santo vem para reforçar isso. Ninguém pode “baixar a guarda” ou perder o rumo e o gosto de viver, mesmo quando a partida das pessoas queridas deixa um vazio imenso.

Jesus ilustra esta expectativa confiante recorrendo a duas imagens (o cinto amarado na cintura e as lâmpadas acesas durante a noite) e com três parábolas. Para esperar adequadamente o retorno do patrão da festa de casamento, o pessoal da casa deve estar devidamente preparado: acordado, com as lâmpadas da casa acesas e com o cinto apertado; sem nenhum obstáculo que possa dificultar ações rápidas. E isso mesmo se o chefe da casa demorar. Assim, podem abrir a porta, sem demora nem obstáculos. Nenhuma coisa ou causa pode nos desviar desse foco. São Paulo repete que somos filhos do dia, que nossa vocação é viver acordados.

Se Jesus partiu, ele voltará, pois não foi embora. Disso os discípulos não podemos duvidar. Mas também não podemos passivamente, esperar “jogando-se nas cordas”. Precisamos ser como o pessoal da casa da parábola. Jesus foi celebrar a aliança, e crer nele significa ser uma Igreja em saída, mover-nos numa fé vigilante a ativa no serviço aos irmãos e irmãs, com prioridade a quem mais precisa. É ela que acende luzes na escuridão e aperta nossos cintos para que possamos caminhar com segurança.

Também com nossos entes queridos há um encontro desejado e previsto, mesmo que não saibamos quando, como e onde. Não parece razoável ficar à espera de possíveis sinais e manifestações de “almas” que perambulariam por aí. A saudade que acende em nós o ardente desejo desse encontro não pode nos induzir a viver despreocupados ou apenas resignados, esperando o tempo passar. Assim, viveremos vigilantes na medida em que damos em tudo o melhor de nós mesmos, e não abandonamos o que de melhor nos deixaram as pessoas que partiram.

 

Meditação:

·    Acolha deste texto as luzes e estímulos que você necessita para viver responsavelmente e esperar realisticamente

·    Recorde agradecido o nome, o rosto, a história e a melhor herança deixada pelas pessoas queridas que partiram

·    Tendo presente esta herança, o testemunho de tantos cristãos e a Boa Notícia de Jesus, como você honrar a vida e não apenas sobreviver, honrar seus falecidos e não apenas lamentar?

·    Como não reduzir o “dia dos finados” a um dia de tristeza, lamento e revolta contra Deus ou o destino?

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