Para nós que
cremos, a vida não nos é tirada, mas transformada | 521 |02. 11.2024 | Lucas 12,35-40
O texto do Evangelho escolhido para
iluminar a comemoração dos fiéis defuntos enfatiza a espera vigilante. Jesus se
dirige aos discípulos e discípulas, e sua fala está marcada pelo contexto de
crise da espera e do esmorecimento da confiança que os discípulos da comunidade
de Lucas enfrentavam com a demora do “retorno” de Jesus. Sabemos que a
esperança é essencial para quem segue Jesus, e o Ano Santo vem para reforçar
isso. Ninguém pode “baixar a guarda” ou perder o rumo e o gosto de viver, mesmo
quando a partida das pessoas queridas deixa um vazio imenso.
Jesus ilustra esta expectativa confiante recorrendo
a duas imagens (o cinto amarado na cintura e as lâmpadas acesas durante a
noite) e com três parábolas. Para esperar adequadamente o retorno do patrão da
festa de casamento, o pessoal da casa deve estar devidamente preparado:
acordado, com as lâmpadas da casa acesas e com o cinto apertado; sem nenhum
obstáculo que possa dificultar ações rápidas. E isso mesmo se o chefe da casa
demorar. Assim, podem abrir a porta, sem demora nem obstáculos. Nenhuma coisa
ou causa pode nos desviar desse foco. São Paulo repete que somos filhos do dia,
que nossa vocação é viver acordados.
Se Jesus partiu, ele voltará, pois não foi embora.
Disso os discípulos não podemos duvidar. Mas também não podemos passivamente,
esperar “jogando-se nas cordas”. Precisamos ser como o pessoal da casa da
parábola. Jesus foi celebrar a aliança, e crer nele significa ser uma Igreja em
saída, mover-nos numa fé vigilante a ativa no serviço aos irmãos e irmãs, com
prioridade a quem mais precisa. É ela que acende luzes na escuridão e aperta
nossos cintos para que possamos caminhar com segurança.
Também com nossos entes queridos há
um encontro desejado e previsto, mesmo que não saibamos quando, como e onde. Não
parece razoável ficar à espera de possíveis sinais e manifestações de “almas”
que perambulariam por aí. A saudade que acende em nós o ardente desejo desse
encontro não pode nos induzir a viver despreocupados ou apenas resignados,
esperando o tempo passar. Assim, viveremos vigilantes na medida em que damos em
tudo o melhor de nós mesmos, e não abandonamos o que de melhor nos deixaram as
pessoas que partiram.
Meditação:
· Acolha
deste texto as luzes e estímulos que você necessita para viver responsavelmente
e esperar realisticamente
· Recorde
agradecido o nome, o rosto, a história e a melhor herança deixada pelas pessoas
queridas que partiram
· Tendo
presente esta herança, o testemunho de tantos cristãos e a Boa Notícia de
Jesus, como você honrar a vida e não apenas sobreviver, honrar seus falecidos e
não apenas lamentar?
· Como não reduzir o “dia dos finados” a um dia
de tristeza, lamento e revolta contra Deus ou o destino?
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