domingo, 10 de novembro de 2024

Que nosso modo de viver não seja pedra no caminho dos pequenos

Que nosso modo de viver não seja pedra no caminho dos pequenos | 528 |11. 11.2024 | Lucas 17,1-6

O texto que nos é proposto hoje é uma continuidade das “conversas à mesa”, nas quais Jesus fala da misericórdia com que Deus trata seus filhos e filhas, da necessidade de fazer bem as contas para segui-lo sem recuos, da atenção solidária para com os pobres e vulneráveis. Isso não é e nunca foi facultativo na escola de Jesus.

Depois de ter se dirigido enfaticamente aos escribas e fariseus, que eram mais amigos do dinheiro que das pessoas, Jesus volta-se aos discípulos e discípulas, e aborda com eles a questão das dificuldades internas da comunidade cristã. Jesus não tem uma visão idealizada nem ingênua da sua comunidade. Ele faz questão de dizer que os escândalos existem de fato, que são inevitáveis e não podem ser escamoteados, mas isso não diminui a gravidade.

Literalmente, “escândalo” significa a pedra de tropeço que alguém põe numa trilha para fazer o outro tropeçar e cair. Por isso, em que pese serem normais as divisões e tropeços, quem faz os mais fracos tropeçarem na fé por causa das práticas incoerentes mereceria uma pena muito severa: ser amarrado numa pedra muito maior e ser jogado no mar. Para atrair tamanha punição, o escândalo deve ser coisa muito grave!

Mas se o tropeço é inevitável, na vida em comunidade o perdão é essencial, indispensável. Na verdade, o perdão merece mais atenção que o escândalo. “Prestai atenção!”, adverte Jesus para sublinhar isso. A comunidade precisa exercitar o ministério do perdão e da reconciliação com quem reconhece e se arrepende de seus erros, inclusive se a conta dos tropeços sobe e chega a sete por dia!

Se isso nos incomoda, incomodou mais ainda os apóstolos, que reagiram dizendo que a fé que vivem não chega a tanto. A vivência da misericórdia, da solidariedade e da reconciliação só é possível no horizonte da fé, da adesão ao Evangelho e da imitação de Jesus Cristo. Nem tudo se resolve no voluntarismo, no “basta querer”.

Mas não precisamos de uma fé heroica, apenas de uma fé normal. Jesus não está aludindo a uma fé miraculosa, pois ele mesmo se recusou a produzir sinais que impressionassem o povo e atraísse admiração. A fé autêntica tem seu dinamismo e sua força, e não é questão de quantidade. A adesão sincera a Jesus e a graça do Evangelho têm força para mudar as relações humanas!

 

Meditação:

·    Leia e releia este episódio, procurando entender as expressões e as ênfases de Jesus nessa catequese dirigida aos discípulos

·    Na sua comunidade e na sua família ocorre o fato de alguns colocarem pedras para que os outros tropecem e entrem em crise?

·    Como entender a dura palavra de Jesus: “melhor seria que lhe amarrassem uma pedra de moinho e o jogassem no mar”?

·    O que o perdão e a reconciliação têm a ver com a fé? E o que significa a comparação que Jesus faz com a remoção da amoreira?

Um comentário:

Marcelo Lima disse...

Sempre bom poder fazer a leitura desse seus artigos, nós remete as realidades atuais...