A felicidade
verdadeira está em doar-se sem “se” nem “mas”...| 523 |04. 11.2024 | Lucas 14,12-14
Sabemos que Jesus pede aos seus discípulos que não busquem lugares
de honra, e não entrem no jogo da competição. Isso revelaria o desejo de ser
mais, de ter privilégio sobre as outras pessoas. A competição gera divisões,
ciúmes, invejas. Ao contrário, faz parte do seu projeto do Reino de Deus quem
vive como irmã e como irmão, quem estabelece relações de parceria baseadas na
igualdade e no dom de si.
Depois da orientação dada ao pessoal que esteva com
ele na casa do fariseu, Jesus se dirige diretamente a quem o convidara,
ordenando: “Ao dares um almoço, não convides teus amigos... Antes, convida os
pobres que não têm como te recompensar...” A expectativa de ser recompensado é exatamente
o contrário do amor, pois o amor é gratuito, não espera compensações.
O amor gratuito é o verdadeiro e duradouro caminho
que nos abre as portas da felicidade. Na verdade, só é capaz de amar quem tem
uma experiência referencial de ser amado e acolhido de modo incondicional e
eterno. Essa experiência nos faz livres dos medos e das ambições, capazes de
bondade e generosidade, sem necessidade de comprar afeto de ninguém.
Mas este princípio não pode ficar restrito à
espiritualidade pessoal e às relações interpessoais ou domésticas. O Evangelho
de Jesus Cristo pretende fecundar também as relações familiares, sociais,
políticas e econômicas. Nele não há lugar para o “toma lá, dá cá” que costuma
guiar boa parte das alianças políticas e das práticas da administração pública.
Esse vírus pode contaminar inclusive nossas práticas de piedade.
E, mais ainda: o Evangelho pede políticas públicas
e sociais que beneficiem exatamente as pessoas e os grupos sociais mais
vulneráveis, e não apenas linhas de crédito aos “setores produtivos”, a quem já
tem até demais. O governo anterior, especialmente o ministro da economia, queria
um INSS no qual o pobre cidadão recebesse somente aquilo que pagou...
Mas não esqueçamos que isso deve valer mais ainda para nossas
comunidades eclesiais e para toda a Igreja! Não é uma contradição evangélica
tratar os fiéis segundo o critério do merecimento, como, por exemplo, estar em
dia com o dízimo ou ostentar uma vida supostamente irrepreensível?
Meditação:
· Situe-se no interior da cena, diante de Jesus e
dos convidados para a confraternização na casa do fariseu
· Podemos dizer que nossa verdadeira alegria
consiste em ajudar as pessoas necessitadas, sem esperar nada em troca?
· Que ensinamentos esta palavra de Jesus traz para
nossas famílias, comunidades religiosas e para a Igreja como um todo?
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