Fundação da democracia
Um par de anos depois, foi inaugurada a
Constituição que implantou o ‘voto universal’. Todos podiam votar, menos os
analfabetos e as mulheres. Como quase todos os brasileiros eram analfabetos ou
mulheres, quase ninguém votou.
Naquela primeira eleição democrática,
noventa e oito de cada cem brasileiros não acudiram aos chamados das urnas.
Um poderoso fazendeiro de café, Prudente
de Moraes, foi eleito presidente da nação. Chegou de São Paulo até o Rio de
Janeiro e ninguém ficou sabendo. Ninguém foi recebê-lo, ninguém o reconheceu.
Agora goza de alguma fama, por ser rua
do elegante bairro de Ipanema.
(Eduardo Galeano, Espelhos, L&PM, 2008, p.
234-235)
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