Dia de Finados
No México, os vivos convidam os mortos,
na noite de hoje de todo ano, e os mortos comem e bebem e dançam e ficam em dia
com as intrigas e as novidades da vizinhança.
É que os defuntos são desse tipo de
visita que gosta de ir ficando.
No Haiti (e também em Madagascar), uma
antiga tradição proíbe levar o ataúde em linha reta até o cemitério. O cortejo segue
em zigue-zague e dando muitas voltas, por aqui, por ali e outra vez por aqui,
para despistar o defunto, e para que ele não consiga mais encontrar o caminho
de volta para casa.
No Haiti, como em todo lugar, os mortos
são muitíssimo mais que os vivos. A maioria vivente se defende do jeito que dá.
(Eduardo
Galeano, Os filhos dos dias, L&PM, 2012, p. 348)
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