Siddharta Gautama Buddha: um ‘pagão’
sábio e justo
Mas a experiência direta e violenta que Siddharta fez das três
realidades que desafiam e põem radicalmente em crise a felicidade humana – a velhice,
a doença e a morte – marcou o início de um caminho de renúncia que caracterizou
toda a sua vida.
Ao lado desta tríplice experiência, foi decisivo para este jovem
príncipe o encontro com a ascese dos monges, caminho que inicialmente seguiu com
extremo empenho e abnegação. Entretanto, a partir do reconhecimento do orgulho
que frequentemente se abriga atrás de uma ascese radical, Siddharta entrou numa
nova e definitiva crise, que o levou a entrar em si mesmo e descobrir que no
seu íntimo habitava o buddha, ou
seja, o Iluminado.
Depois de um período de profunda solidão, tendo abandonado toda forma de
ascese, Siddharta despertou para uma nova vida e começou a pregar a todos
aqueles que encontrava o seu caminho de
pacificação interior e de harmonia com todas as criaturas. Fez isso até à
morte, que lhe chegou, segundo a tradição, aos 80 anos.
A vida de Buddha marcou de tal modo os cristãos que, em torno do século
VIII, a história da mudança que ocorreu na sua vida depois do encontro com o
monge tibetano deu origem à famosa narrativa Vida de Barlaam e Joasaf, difundida em latim por toda a
cristandade. Neste livro, a vida do príncipe indiano Joasaf, convertido ao cristianismo
graças ao encontro com o monge cristão Barlaam, se torna apóstolo de uma vida
de alegria interior e de paz com toda a criação.
Barlaam e Joasaf são lembrados pelas igrejas ortodoxas no dia 26 de
agosto, e na data de hoje (27 de novembro), são recordados pelo martirológico
romano.
(Comunità di Bose, Il libro dei testimoni, San Paolo,
Milano, 2002, p. 550-551)
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