Advento: um tempo de abertura, de súplica e de espera.
Advento significa literalmente "o dia da vinda",
e tem origem na
antiga liturgia pública romana. Esta liturgia era celebrada na cidade de Roma,
preparando o dia em que uma divindade se manifestaria no templo a ela dedicado
para visitar seus fiéis no culto. O templo dedicado à divindade abria as portas,
uma vez ao ano, no dia determinado para sua visita. A mesma expressão era usada
também no âmbito político, e indicava o dia em que um novo imperador assumia o
poder.
Assim, a palavra Advento
tinha originalmente um sentido tanto religioso quanto político. As comunidades
cristãs adotaram esta palavra para indicar o tempo litúrgico que prepara ao
Natal, o nascimento de Jesus, a visita do Emmanuel, o Deus conosco. Advento, evento, espera,
vinda, são palavras que
expressam a tensão ansiosa, a expectativa, a abertura para acolher uma pessoa,
uma proposta, um projeto, uma boa notícia.
Maran atha é uma antiga fórmula aramaica que ressoava nas liturgias das
primeiras comunidades cristãs (cf. 1Cor 16,22; Fl 4,5; Tg 5,8; Ap 22,20). Pode
ser traduzida como "O
Senhor vem!" Esta invocação expressava a certeza da sua vinda,
alimentava a esperança e sustentava no caminho. Mas quando e como Jesus virá?
Como reconhecer a sua presença na comunidade? Estas interrogações chegam
até nós hoje, e entrevemos uma resposta na espiritualidade do tempo litúrgico
que chamamos Advento.
O calendário litúrgico de cada acolhe, no mês de dezembro,
a tradição do Advento, de um tempo de preparação e espera do Natal. Este
calendário compete com o calendário comercial, que, aliás, começa bem antes,
com suas luzes brilhantes, suas promoções que se apresentam como boas notícias.
Como no tempo do império romano, o sentido político e religioso se mesclam e
articulam como suporte ao sistema de dominação. O consumismo e a fé se
articulam para anestesiar as consciências com a falsa ilusão de um bem-estar
individual e de uma religiosidade superficial.
Proclamando como um refrão a invocação "Maran atha", as primeiras comunidades cristãs souberam encontrar um
caminho para celebrar o mistério do Deus que vem ao encontro da humanidade, o
mistério da presença do Reino de Deus em Jesus de Nazaré. Que a invocação Maran atha possa
ser neste tempo de Advento a nossa prece mais insistente, repetida como um
mantra que nos ajuda a penetrar o mistério de um Deus que assume a nossa
humanidade para nos visitar; para penetrar o mistério da semente do Reino
presente nas pequenas coisas do cotidiano, presente nas pessoas pobres e
humildes.
Seja Maran
atha" a invocação que oriente nosso olhar na pessoa de Jesus
de Nazaré, Emanuel, Deus conosco. Em busca de Jesus de Nazaré, caminhemos com as
três grandes figuras bíblicas do Advento: o profeta Isaías, o precursor João
Batista, a mãe Maria. As comunidades cristãs relêm as profecias de Isaías para
compreender o mistério de Deus revelado em Jesus de Nazaré. João Batista, como
novo Elias, vem de novo preparar o caminho, abrir-nos à ação de Deus e
preparar-nos acolher seu filho Jesus. Maria, a mãe, nos recorda que sem
gravidez não há nascimento.
Vamos a Nazaré
para nos encontrar com Maria, José e a comunidade expectante da humilde
sinagoga.
O que
importa é abrir portas, trilhar caminhos, esperar apressando a hora que não nos
permite esperar.
Se, ao
invés de um Deus onipresente, encontrarmos apenas o vazio fecundo de uma busca e de uma espera,
não pensemos ter errado o caminho!
não pensemos ter errado o caminho!
Deus-Conosco
é esperança nos sonhadores, é promessa nos profetas,
não se apresenta nos palácios e nas passeatas dos vitoriosos e saciados.
não se apresenta nos palácios e nas passeatas dos vitoriosos e saciados.
Ele é
utopia que nos colaca a caminho e nos leva para além de nós mesmos e das nossas
desilusões.
Coloquemo-nos
a caminho!
Vamos à busca, sem incertezas nem medos, semeadores e semeadoras de esperança.
Vamos à busca, sem incertezas nem medos, semeadores e semeadoras de esperança.
Texto
publicado pelo CEBI, adaptado por Itacir Brassiani msf
Nenhum comentário:
Postar um comentário