Aos traidores, o meu desprezo; ao povo, minha solidariedade!
Decepção, indignação e preocupação:
estes são os sentimentos que me envolvem nesta manhã, ao receber o resultado,
ademais esperado, da votação do Senado, aprovando a abertura do processo de
impedimento contra a presidenta Dilma.
Decepção com um Parlamento divorciado daquele
que é o sujeito do qual emana qualquer poder republicano, o Povo, o demos da Democracia.
Indignação diante da empáfia daqueles que
deveriam ser legisladores e, por isso, os primeiros a respeitar a ordem legal,
mas rasgam a Constituição e, com o apoio da grande imprensa – devedora,
vendida, mentirosa e imperdoavelmente golpista – incriminam com argumentos politicamente
interesseiros a mais alta mandataria da nação.
Preocupação porque o que está sendo incriminado não
é uma Presidenta mas um pensamento, um projeto de nação, aprovado pelas urnas
mas traído pelo vice-presidente, substituído por um projeto entreguista,
decidido a privilegiar os privilegiados de sempre e explorar até a morte as
classes populares.
Não gostaria de viver com meu povo
aquilo que está para vir, mas esta é a história que me é dada viver, e a
viverei com a lucidez e a firmeza que nos vem de Jesus de Nazaré, também ele e
seu projeto crucificados e eliminados, mas ressuscitados e revitalizados nas
brechas da história por homens e mulheres que não se curvaram os vitoriosos e cínicos
de plantão.
Sim, eu também quero um novo Brasil,
mas me recuso a aceitar o projeto excludente de uma elite desavergonhada e
desalmada, que sequer merece o respeito dos seus próprios familiares e partidários.
Se alguns políticos de nojenta lavra subissem no alto da própria hipocrisia e
se lançassem abaixo, virariam pó. Para eles, diálogo significa conchavo espúrio
com os que partilham o mesmo pensamento. Quem não pensa como eles, não existe,
e, se existe, deve ser silenciado e eliminado.
Decepção, indignação e preocupação...
Tenho vergonha do Brasil que essa corja mantém sob suas garras. Tenho nojo da
maior parte dos membros do Congresso. Meu estômago não me permite ler, ver e
escutar o que a imprensa comercial veicula todos os dias. Não aceito este
golpe, não reconheço o traidor Temer e seus capachos como mandatários do
Brasil. Eles passarão à história e estão gravados na memória do povo brasileiro
como aquilo que são: execráveis traidores!
Respeito os diversos pensamentos políticos,
desde que seja pensamento, mas não me submeto a decisões criminosas e
inconstitucionais. Prefiro perder, sempre, a celebrar a vitória com os
canalhas. E viva o povo brasileiro! Viva a Utopia de um Brasil de todos, que
virá! “Apesar de vocês, amanhã vai ser um Novo Dia...” Faz escuro, mas eu
canto, e luto!
Pe. Itacir Brassiani msf
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