sexta-feira, 6 de maio de 2016

Dia das Mães

Por um rosto menos incompleto da mãe!

Domingo é Dia das Mães. A oportunidade de celebrá-lo deveria nascer no coração de cada filho ou filha, como fruto natural do amor. Mas a urgência de divulgá-lo como elemento integrante da modernidade líquida, atropela o amadurecimento necessário que precede a convicção do seu valor. No espaço em que, como diz o filósofo, saem do palco os referenciais morais da modernidade sólida, para dar lugar à lógica do agora, do consumo, da artificialidade, o Dia das Mães pode ter um rosto incompleto.

Incompleto é o rosto maquiado, a roupa elegante e cara, o sorriso descolado, o mais moderno smartphone na mão, a aparência jovem demais para a idade dos filhos, a agenda lotada de compromissos de trabalho que garantem independência financeira e de atividades sociais que levam à dependência do whatsapp para a comunicação com a prole.

Para que o rosto se complete é necessário um profundo mergulho na realidade: aquela das mães de todos os dias e de todos os lugares, que carecem de tempo para si mesmas, de adornos sem dúvida merecidos, de adereços tecnológicos que sequer conhecem.

Para que o rosto se complete é necessário enxergar além das aparências e divisar nele a soma das esperanças no futuro do filho e das dores decorrentes do seu presente; a lágrima que poderia ser de emoção pela chegada do bebê esperado, mas que acaba sendo de preocupação pela entrada de mais uma boca na família que já tem tantas.

Para que o rosto se complete é necessário olhar através dos olhos das mães que esperam nas filas pela vacina, nas escolas mais próximas por uma vaga, na porta dos presídios para visitar os filhos desencaminhados, na calada da noite pelos jovens que talvez não retornem porque foram conquistados pelas promessas de uma vida que elas não lhes podem dar...

Para que o rosto se complete é necessário olhar para a Mãe de semblante surpreso pela notícia da chegada do Messias, de olhar preocupado com a ausência constante do Mestre, de coração traspassado pelo que haviam feito ao Fruto do seu ventre. Porque Ela é capaz de tornar feliz o Dia de todas as mães que com ela se identifiquem nessa tarefa que é de hoje e é de sempre, da qual o Criador não prescinde para poder realizar Seu sonho de amor pela humanidade.


Maria Elisa Zanelatto

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