A missão nasce do
encontro com Jesus e do “sim” a ele!
Estamos
iniciando o mês de outubro, que a Igreja dedica, há várias décadas, à renovação
do ardor e das iniciativas missionarias, em todo o mundo. Na sua mensagem para
o dia das missões de 2017, o Papa Francisco lembra que o Evangelho nos traz uma
alegria contagiante, porque contém e oferece uma vida nova: a própria vida de
Jesus Cristo. No encontro com Ele e assumindo-o como Caminho, fazemos
experiência da sua Verdade e recebemos a sua Vida. A comunhão com Ele nos
liberta de todas as formas de egoísmo e se transforma em fonte de amor, de
generosidade e de criatividade missionaria.
Isso
porque Jesus Cristo, a Palavra de Deus feita carne e história, é sempre convite
e apelo que traz a força daquele que a pronuncia. Este convite tem autoridade e
mobiliza porque vem de Alguém que se faz um de nós, se torna igual a nós em
tudo, assume e pronuncia a palavra do simples ser humano, com seus sonhos e
necessidades. “Vai trabalhar hoje na minha vinha...” Jesus é palavra que nos convoca
a à responsabilidade pela nossa própria emancipação, mas também a assumir nossa
missão no mundo e na história. E ele espera
uma resposta que não seja apenas aparente e formal.
A crítica
de Jesus aos fariseus, sacerdotes e doutores da lei é paradigmática, e nos
coloca de sobreaviso. Aqueles que se sentem orgulhosamente os primeiros
ouvintes e os exemplares praticantes da Palavra de Deus na verdade são como
filhos que dizem sim à ordem do pai
mas se recusam a fazer o que ele pede. Todos corremos o risco de ficar na
superfície, na aparência deslumbrante e cômoda, e de esquecer que temos uma
missão. Não faltam homens e mulheres de igreja que estudam a Palavra de Deus, celebram
como minuciosa atenção a liturgia, mas não conseguem levar o Evangelho para
fora do templo...
E há
outros que dizem não à Jesus Cristo e
ao Reino de Deus, mas só aparentemente: não frequentam muito assiduamente as
celebrações; se opõem abertamente à Igreja e às religiões; amargam experiências
de pobreza, marginalização e exclusão... Mas tantos deles se empenham de corpo
e alma na tarefa de humanizar o que lhes sobra de vida e de evitar que a
sociedade se corrompa ainda mais. Começam pelo círculo de pessoas que se
congregam na família e militam em associações, movimentos, sindicatos e organizações
solidárias. O não inicial e público
deles se revela um sim prático e
anônimo.
E há outras
tantas pessoas que sequer conseguem crer em si mesmas. Não se consideram
merecedoras de nada e parecem uma negação absoluta de tudo o que possa ser bom
e desejável. São como as prostitutas e os publicanos do tempo de Jesus. A estas
pessoas, o próprio Deus que diz um sim
claro e retumbante: sim à sua dignidade,
sim à sua inclusão, sim ao seu desejo de uma vida mínima.
Jesus Cristo é o sim de Deus às
aspirações profundas da humanidade, especialmente das diversas categorias de
oprimidos! Essas pessoas são acolhidas na primeira classe do Reino!
Em Jesus
de Nazaré, Deus se faz avalista dos sonhos de dignidade, igualdade e liberdade
que nos habitam. Mas ele é também um sim
ao Pai, e isso se expressa, como ensina Paulo. no esvaziamento de toda
superioridade prepotente, na eliminação de todo “distanciamento prudente”, no
movimento de fazer-se próximo e ocupar um lugar ao lado dos últimos. Este
esvaziamento não é uma ascese vazia que despreza a vida, mas um movimento de
aproximação de tudo o que é humano, de amor ativo e solidário, de verdadeira
humanização. Somos convidados a assumir esta postura, este sentimento de
Jesus...
Na mensagem referida acima, o Papa pede
que assumamos e levemos adiante nossa missão inspirando-nos em Maria, a Mãe da
evangelização. “Movida pelo Espírito, Ela acolheu o Verbo da vida na
profundidade da sua fé humilde. Que a Virgem nos ajude a dizer o nosso «sim» à
urgência de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus no nosso tempo; nos obtenha um
novo ardor de ressuscitados para levar, a todos, o Evangelho da vida que vence
a morte; interceda por nós, a fim de podermos ter uma santa ousadia de procurar
novos caminhos para que chegue a todos o dom da salvação.” Inspirados em Maria
de todos os nomes e de todas as horas, nosso “sim” seja um “sim” responsável e
missionário.
Deus pai e mãe, através do teu filho e nosso irmão
Jesus continuas dirigindo-nos tua palavra-convocação. Às vezes esta palavra nos
desconcerta e inquieta. Teu filho parece exagerar quando afirma que as pessoas
tratadas como pecadoras precedem as ‘pessoas de bem’ no teu Reino. Isso às
vezes não nos parece justo. Que Ezequiel nos ensine que errados estamos nós, e
não tu. Que os santos e santas, e a nuvem de testemunhas de ontem e de hoje,
nos convençam de que a Justiça do Reino é um caminho possível, pois eles o
percorreram. Que eles intercedam por nós e por toda a Igreja. Assim seja! Amém!
Itacir Brassiani msf
(Profecia de Ezequiel 18,25-28 * Salmo 24 (25) * Carta
de Paulo aos Filipenses 2,1-11 * Evangelho de S. Mateus 21,28-32)
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