quarta-feira, 9 de maio de 2018

Seminário sobre a vida consagrada (9)


A arte de tecer comunidades ecológicas e livres de fofocas
Durante o Seminário sobre a Vida Consagrada, realizado em Aparecida (SP), de 4 a 8 de maio, a Ir. Annette Havenne dirigiu uma oficina sobre a arte de tecer relações fraternas na comunidade. Começou lembrando que liderar é cuidar das relações. Sem isso, a liderança não vai a lugar nenhum. E as relações começam com a dedetização do ambiente, com o enfrentamento das fofocas.
Segundo a Ir. Annette, a fofoca é o fator mais destruidor das relações humanas de um grupo social. Ela nasce da falta de diálogo, de transparência ou de verdade, por medo, conveniência, ambição ou outros interesses escusos. Sem eliminar a toxina da fofoca, não é possível tecer relações humanas e humanizadora na vida consagrada.
Fofoca é uma troca de informações mais ou menos verdadeiros entre duas ou mais pessoas a respeito de outras pessoas ausentes. É uma fala de alguém, reativa, emocional. Contraditoriamente, o agente da fofoca perde o controle da situação desde o momento em que inicia, faz-se vulnerável.
A fofoca nasce do sentimento de insegurança, de inferioridade e rejeição, da dificuldade de lidar com tensões, medos, frustrações e problemas, das emoções negativas, como inveja, ciúme, medo, raiva, tristeza. O efeito da fofoca é um alívio imediato das tensões, mas depois, a médio e longo prazo, emergem estragos graves e incontáveis, tanto para a vítima como para o herói e o vilão.
Remédios para exorcizar a fofoca destruidora das nossas comunidades, são:
(a)    Cortar a fofoca, com elegância e firmeza: Por que você me fala disso agora? Há alguma relação com o tema que nos ocupa? Falar uns dos outros pode ajudar em algo?
(b)    Não somos donos das nossas emoções: Mas temos poder tomar consciência e de decidir o que fazemos com nossas emoções. Podemos agir de modo reativo ou de modo reflexivo e comedido.
(c)     Perguntar-se o que sentimos diante da fofoca e porque as fofocas sobre mim me tiram do sério.
Por fim, a Ir. Annette propôs que passemos nossos juízos, afirmações e discursos por três peneiras (“peneiras de Sócrates”):
(a)    A peneira da verdade: Há um fato, em que consiste ele realmente, que dimensões tem e em que circunstâncias ocorreu? Há algo de real na origem de determinada fofoca?
(b)    A peneira da intenção: Com que intenção a pessoa X teria feito isso? Se mal podemos conhecer nossas motivações e intenções, como podemos conhecer a intenção do outro? O diálogo com o autor da conversa é indispensável. Se a intenção é maldosa, a pessoa precisa de ajuda, e não de fofoca.
(c)     A peneira da necessidade: A fofoca é necessária para corrigir a pessoa ou resolver a situação?
A experiente Ir. Annette sublinhou que nossas comunidades religiosas unem o caráter primário e o caráter secundário: reunimo-nos por uma meta compartilhada. Não escolhemos os irmãos numa vitrine ou num shopping, mas os acolhemos porque compartilhamos uma missão.
Itacir Brassiani msf

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