A arte de tecer comunidades
ecológicas e livres de fofocas
Durante o Seminário sobre a Vida
Consagrada, realizado em Aparecida (SP), de 4 a 8 de maio, a Ir. Annette
Havenne dirigiu uma oficina sobre a arte de tecer relações fraternas na
comunidade. Começou lembrando que liderar é cuidar das relações. Sem isso, a
liderança não vai a lugar nenhum. E as relações começam com a dedetização do
ambiente, com o enfrentamento das fofocas.
Segundo a Ir. Annette, a fofoca é o
fator mais destruidor das relações humanas de um grupo social. Ela nasce da
falta de diálogo, de transparência ou de verdade, por medo, conveniência,
ambição ou outros interesses escusos. Sem eliminar a toxina da fofoca, não é
possível tecer relações humanas e humanizadora na vida consagrada.
Fofoca é uma troca de informações mais
ou menos verdadeiros entre duas ou mais pessoas a respeito de outras pessoas
ausentes. É uma fala de alguém, reativa, emocional. Contraditoriamente, o
agente da fofoca perde o controle da situação desde o momento em que inicia,
faz-se vulnerável.
A fofoca nasce do sentimento de
insegurança, de inferioridade e rejeição, da dificuldade de lidar com tensões,
medos, frustrações e problemas, das emoções negativas, como inveja, ciúme,
medo, raiva, tristeza. O efeito da fofoca é um alívio imediato das tensões, mas
depois, a médio e longo prazo, emergem estragos graves e incontáveis, tanto
para a vítima como para o herói e o vilão.
Remédios para exorcizar a fofoca
destruidora das nossas comunidades, são:
(a)
Cortar a fofoca,
com elegância e firmeza: Por que você me fala disso agora? Há alguma relação
com o tema que nos ocupa? Falar uns dos outros pode ajudar em algo?
(b)
Não somos donos
das nossas emoções: Mas temos poder tomar consciência e de decidir o que
fazemos com nossas emoções. Podemos agir de modo reativo ou de modo reflexivo e
comedido.
(c)
Perguntar-se o
que sentimos diante da fofoca e porque as fofocas sobre mim me tiram do sério.
Por fim, a Ir. Annette propôs que
passemos nossos juízos, afirmações e discursos por três peneiras (“peneiras de
Sócrates”):
(a)
A peneira da
verdade: Há um fato, em que consiste ele realmente, que dimensões tem e em que
circunstâncias ocorreu? Há algo de real na origem de determinada fofoca?
(b)
A peneira da
intenção: Com que intenção a pessoa X teria feito isso? Se mal podemos conhecer
nossas motivações e intenções, como podemos conhecer a intenção do outro? O
diálogo com o autor da conversa é indispensável. Se a intenção é maldosa, a
pessoa precisa de ajuda, e não de fofoca.
(c)
A peneira da
necessidade: A fofoca é necessária para corrigir a pessoa ou resolver a
situação?
A experiente Ir. Annette sublinhou que
nossas comunidades religiosas unem o caráter primário e o caráter secundário:
reunimo-nos por uma meta compartilhada. Não escolhemos os irmãos numa vitrine
ou num shopping, mas os acolhemos porque compartilhamos uma missão.
Itacir Brassiani msf
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