Seria
melhor não ver nada, evitar ser tocado por este mundo?
Participando
no debate com o professor Coutinho, a Ir. Francinete lembrou que, no Brasil, a
VRC quer deixar-se iluminar pela profecia de Isaías e identificar sinais da
novidade em gestação e sair às pressas onde a vida está clamando. E isso porque
somos tocados e não podemos fazer de conta de quem não temos nada a ver com
isso. Mas provocou a assembleia: Podemos dizer que, realmente, o mundo, a dor
do outros me toca, dói em mim?
A
Irmã Francinete leu a carta de um adolescente que, ao visitar uma casa de
pessoas idosas e com visão reduzida, diz que preferia ser cego a ver o que tem
que ver no cenário nacional. Mas, para a vida consagrada, não ver, não ouvir,
não se tocar, pode ser mais cômodo e mais econômico, mas não gera compromisso,
nem transforma, expressa a morte e leva à morte.
Nossos
Fundadores e Fundadoras nos inspiram porque foram pessoas que se deixaram tocar
pela realidade, pela dor das vítimas, não conseguiram ficar indiferentes.
Imaginaram caminhos e congregaram pessoas para sonhá-los e percorrê-los. Mas,
não podemos negar, cada vez menos as dores da humanidade nos atingem, nos
movem, provocam indignação e mobilização.
Vivemos
num mundo no qual cada um assume a impossível missão de cuidar sozinho de si
mesmo, sem poder contar com mais ninguém, plenamente ocupado em cuidar dele
mesmo. E nos sentimos dispensados de cuidar de outro que não sejamos nós
mesmos. Será que isso pode ser dito também dos nossos institutos religiosos?!
Para
que a situação de desordem seja excelente, como afirmava Mao Tsé Tung, precisamos
posicionarmo-nos corretamente. De que lado estamos? Não podemos fingir que não
vemos, desistir de ver, pois esse não é um caminho cristão. Deixemo-nos tocar
pelo mundo, para que nossa ação toque e transforme o mundo, a partir das
vítimas.
Itacir
Brassiani msf
Um comentário:
Oi Ita, como sempre textos super bem escritos, bem apanhandos - penso que no terceiro paragrafo, referindo-se aos' fundadorss'a ideia é que eles NÃO ficaram indiferentes...Bons encontros!
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