segunda-feira, 7 de maio de 2018

Seminário sobre a vida religiosa (8)


Cadê o carregador do nosso celular?
Reagindo e refletindo a partir das reflexões do Marcelo de Barros, a Ir. Annette disse que, às vezes, a vida religiosa se parece com um celular descarregado, para o qual perdemos o carregador e a fonte de energia. A vida religiosa parece desconectada, sonolenta, descarregada, agitada em ações que não realizam o que ela é. A energia espiritual da vida religiosa não vem de nós, mas precisamos ter um carregador e uma fonte de energia.
Onde está o carregador da nossa espiritualidade e a fonte de energia que nos dinamiza?, perguntou Ir. Annette. E ensaia a resposta, começando pela afirmação de que não existe uma espiritualidade da vida consagrada. A vida consagrada é chamada a ser uma amostra-grátis da vida de Jesus, pequena, significativa e picante como uma semente de mostarda. O que essa amostra-grátis está dizendo hoje do seguimento de Jesus? Trata-se de voltar à relação radical e substancial com Jesus e seu Evangelho. “Tu o vês, ele fala contigo!”
A vida religiosa precisa demonstrar assimilar o estilo de vida do Mestre da Galileia, do estilo de vida evangélica. Para isso, precisa sair do condicionamento, de um passado brilhante. No Brasil, os religiosos e religiosas foram em tudo os primeiros, e hoje precisa deixar de ser uma espécie majestosos cedros do Líbano para ser sementes de mostarda, pequeninas e picantes, evangelicamente significativas.
Por fim, Ir. Annette sublinhou que a vida religiosa precisa ser reestruturada, mais com espírito de Jesus que estruturas do mundo. E apontou cinco pontos de uma reestruturação no Espírito, cada qual seguido de uma pergunta:
(1) A alegria, que não é a mesma coisa euforia. O que nos provoca alegria verdadeira ou sorrir? Guardamos a chama do entusiasmo ou precisamos de artefatos para sentir euforia?
(2) Gestos proféticos, pequenos como o grão de mostarda, mas eloquentes e com força para mexer com as pessoas. Qual é a próxima compra que planejamos: um sofá ou uma sandália?
(3) Experiência de comunhão. Ou somos apaixonados pela comunhão, ou não somos vida religiosa consagrada. Por que tanto desamor na comunidade se a meta é comum? Por que tanta energia desperdiçada?
(4) Saídas missionárias, sair de si, da autorreferencialidade. Não é suficiente ser dócil ao Espírito, é preciso ser disponível, criativamente. Desejamos sair da mesmice para recuperar a criatividade das origens?
(5) Opção pelos pobres. Nosso processo formativo continua aburguesando. É preciso ser capaz de ver Jesus no pobre. Será que o pobre ainda vê Jesus no rosto das pessoas consagradas? Mostramos um rosto credível de Jesus?
Para que nosso rosto revele Jesus, não adianta carregar na maquiagem. Precisamos de uma plástica profunda, colocarmo-nos diante de Jesus, rosto dos pobres, pedindo que nosso rosto seja transparência do rosto dele.
 Itacir Brassiani msf

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