Cadê o carregador do nosso celular?
Reagindo e
refletindo a partir das reflexões do Marcelo de Barros, a Ir. Annette disse
que, às vezes, a vida religiosa se parece com um celular descarregado, para o
qual perdemos o carregador e a fonte de energia. A vida religiosa parece desconectada,
sonolenta, descarregada, agitada em ações que não realizam o que ela é. A
energia espiritual da vida religiosa não vem de nós, mas precisamos ter um
carregador e uma fonte de energia.
Onde está o
carregador da nossa espiritualidade e a fonte de energia que nos dinamiza?,
perguntou Ir. Annette. E ensaia a resposta, começando pela afirmação de que não
existe uma espiritualidade da vida consagrada. A vida consagrada é chamada a
ser uma amostra-grátis da vida de Jesus, pequena, significativa e picante como
uma semente de mostarda. O que essa amostra-grátis está dizendo hoje do
seguimento de Jesus? Trata-se de voltar à relação radical e substancial com
Jesus e seu Evangelho. “Tu o vês, ele fala contigo!”
A vida religiosa
precisa demonstrar assimilar o estilo de vida do Mestre da Galileia, do estilo
de vida evangélica. Para isso, precisa sair do condicionamento, de um passado
brilhante. No Brasil, os religiosos e religiosas foram em tudo os primeiros, e
hoje precisa deixar de ser uma espécie majestosos cedros do Líbano para ser
sementes de mostarda, pequeninas e picantes, evangelicamente significativas.
Por fim, Ir.
Annette sublinhou que a vida religiosa precisa ser reestruturada, mais com espírito
de Jesus que estruturas do mundo. E apontou cinco pontos de uma reestruturação
no Espírito, cada qual seguido de uma pergunta:
(1) A alegria,
que não é a mesma coisa euforia. O que nos provoca alegria verdadeira ou
sorrir? Guardamos a chama do entusiasmo ou precisamos de artefatos para sentir
euforia?
(2) Gestos
proféticos, pequenos como o grão de mostarda, mas eloquentes e com força para
mexer com as pessoas. Qual é a próxima compra que planejamos: um sofá ou uma
sandália?
(3) Experiência
de comunhão. Ou somos apaixonados pela comunhão, ou não somos vida religiosa
consagrada. Por que tanto desamor na comunidade se a meta é comum? Por que
tanta energia desperdiçada?
(4) Saídas
missionárias, sair de si, da autorreferencialidade. Não é suficiente ser dócil
ao Espírito, é preciso ser disponível, criativamente. Desejamos sair da mesmice
para recuperar a criatividade das origens?
(5) Opção pelos
pobres. Nosso processo formativo continua aburguesando. É preciso ser capaz de ver
Jesus no pobre. Será que o pobre ainda vê Jesus no rosto das pessoas consagradas?
Mostramos um rosto credível de Jesus?
Para que nosso
rosto revele Jesus, não adianta carregar na maquiagem. Precisamos de uma
plástica profunda, colocarmo-nos diante de Jesus, rosto dos pobres, pedindo que
nosso rosto seja transparência do rosto dele.
Itacir Brassiani msf
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