Amor terno, generoso e perseverante ao próximo
O Padre Berthier ensinava que o amor é
“o sentimento mais perfeito, e é para produzi-lo em nós que Jesus Cristo doou
sua vida”. Movido por essa convicção, o Fundador viveu um intenso, generoso e
criativo amor ao próximo. Esse amor se tornou palpável especialmente no seu zelo
apostólico, no seu relacionamento afável, na sua dedicação às vocações, no seu
amor pelos pobres e na sua cuidadosa atenção aos doentes.
Em relação ao zelo pastoral, a meta
prioritária de todo ação apostólica do Fundador era conduzir as pessoas à
perfeição no amor, conduzir à santidade. Essa é uma das razões pelas quais ele jamais
abandonou o serviço aos romeiros no Santuário, especialmente no confessionário,
assim como o exigente ministério da direção espiritual. Segundo o bispo Dom
Paulot, é isso que também transparece em todas as obras que escreveu. Segundo
um colega Saletino, ele jamais se acomodou aos caminhos mais convencionais ou
fáceis. Além de dedicar-se incansavelmente a esta finalidade, o Fundador
estimulou fortemente seus discípulos a fazerem o mesmo. Para ele, o fundamento
do zelo pastoral “é o amor de Nosso Senhor e o amor ao próximo em vista dele”,
como escreveu.
O relacionamento afável com todas as
pessoas causou profunda impressão em quem conheceu o Padre Berthier. Diz uma
testemunha: “Seu amor se manifestava de modo extraordinário na sua afabilidade,
na sua vida exemplar, nas suas palavras e ações. Quando eu saía com ela à
cidade, percebia que as pessoas ficavam visivelmente impressionadas com sua amabilidade.
Ele saudava amavelmente todas as pessoas, inclusive às crianças, para quem
tirava o chapéu e dizia: ‘Bom dia, meu filho, bom dia meu pequeno!” Muitos
vocacionados, posteriormente discípulos seus, testemunham que a precariedade da
casa de Grave assustava, mas a amabilidade do Fundador os atraía e consolava.
“A presença do Padre Fundador fazia-me esquecer todas as dificuldades.” Essa
mesma afabilidade ele a manifestava no confessionário, e por isso atraía muita
gente.
Outra manifestação do seu amor ao
próximo é a dedicação do Padre Berthier à orientação vocacional. Durante toda a
sua vida, o Fundador deu à pastoral das vocações um lugar prioritário,
sobretudo às vocações apostólicas e àquelas para as quais as portas
tradicionais estavam fechadas. E isso ainda como missionário Saletino, bem
antes de fundar a Congregação dos Missionários da Sagrada Família. Era grande
sua fama como diretor espiritual e orientador vocacional mediante a
correspondência. Quem ama o próximo, leva a sério a tarefa de ajudá-lo a
encontrar e desenvolver sua vocação.
Uma quarta expressão desse amor ao
próximo é o amor aos pobres, entre os quais seus próprios vocacionados ocupavam
o primeiro lugar. É para estes que o Padre Berthier pensou a Congregação. Ele
não media esforços e trabalhava sem descanso para abrir uma vaga a uma vocação pobre.
Como escrevera, ele nunca esqueceu que “as pessoas pobres, enfermas, surdas,
com inteligência limitada ou aparência repugnante devem ser as mais importantes
para o verdadeiro discípulo de Jesus Cristo”. “Mesmo tendo pouco, ele não
fechava a mão aos pobres”, diz uma testemunha. “Ele nunca despediu um pedinte
sem nada”, atesta outra. Com esta fama, eram muitos os pobres que recorriam
sempre a ele.
A atenção que o Padre Berthier dedicava
aos doentes é uma outra expressão do seu amor pelos pobres. Ele os ajudava com
visitas, donativos, orientações, inclusive com seus conhecimentos sobre ervas
medicinais. Várias testemunhas afirmam que o Fundador conhecia muitos doentes
pelo nome, e sempre buscava saber se estavam se recuperando. Quando os doentes eram
seus formandos, esse cuidado era redobrado. Em vista dos doentes, o Fundador
organizou uma enfermaria e um pequeno abrigo. Se a enfermidade era mais grave,
remetia-os a algum médico conhecido seu. E quando os doentes estavam em fase
terminal, Padre Berthier não media esforços para que recebessem os sacramentos
e para permanecer o mais possível ao lado deles. E isso ele ensinou também aos seus
discípulos.
Itacir Brassiani msf
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