“Este
pobre clama e o Senhor o escuta!”
MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA O II
DIA MUNDIAL DOS POBRES (3)
Não cessa de comover-me o caso de Bartimeu, na pessoa de quem vejo
identificados tantos pobres (cf. Mc 10,46-52). O cego Bartimeu era um mendigo,
que estava sentado à beira do caminho; tendo ouvido dizer que ia a passar
Jesus, começou a gritar e a invocar o Filho de David para que tivesse piedade
dele. Muitos repreendiam-no para o fazer calar, mas ele gritava cada vez mais.
O Filho de Deus escutou o seu brado e perguntou-lhe: “Que queres que te faça?”
“Mestre, que eu veja!” – respondeu o cego.
Esta
página do Evangelho torna visível aquilo que o Salmo anunciava como promessa.
Bartimeu é um pobre que se encontra desprovido de capacidades fundamentais,
como o ver e o poder trabalhar. Também hoje não faltam percursos que levam a
formas de precariedade. A falta de meios basilares de subsistência, a
marginalização quando já não se está na plenitude das próprias forças laborais,
as diversas formas de escravidão social, apesar dos progressos realizados pela
humanidade… Como Bartimeu, quantos
pobres há hoje à beira da estrada e procuram um significado para a sua
condição! Quantos se interrogam acerca dos motivos por que chegaram ao fundo
deste abismo e sobre o modo como sair dele! Esperam que alguém se aproxime
deles, dizendo: “Coragem, levanta-te que Ele chama-te” (10, 49).
Com
frequência, infelizmente, verifica-se o
contrário: as vozes que se ouvem são de repreensão e convite a estar calados e
a sofrer. São vozes desafinadas,
muitas vezes regidas por uma fobia para com os pobres, considerados como
pessoas não apenas indigentes, mas também portadoras de insegurança,
instabilidade, extravio dos costumes da vida diária e, consequentemente,
pessoas que devem ser repelidas e mantidas ao longe. Tende-se a criar distância entre nós e eles, não nos dando conta de
que, assim, acabamos distantes do Senhor Jesus, que não os afasta mas chama-os
a Si e consola-os.
Como
soam apropriadas a este caso as palavras do profeta relativas ao estilo de vida
do crente: “libertar os que foram presos injustamente, livrá-los do jugo que
levam às costas, pôr em liberdade os oprimidos, quebrar toda a espécie de
opressão, repartir o teu pão com os esfomeados, dar abrigo aos infelizes sem
casa, atender e vestir os nus” (Is 58,
6-7). Este modo de agir faz com que o pecado seja perdoado (cf. 1 Ped 4, 8), a justiça percorra
a sua estrada e, quando formos nós a clamar pelo Senhor, Ele nos responda
dizendo: Aqui estou! (cf. Is 58,
9).
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