“Este
pobre clama e o Senhor o escuta!”
MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA O II
DIA MUNDIAL DOS POBRES (5)
Inúmeras
são as iniciativas que a comunidade cristã empreende para dar um sinal de
proximidade e alívio às muitas formas de pobreza que estão diante dos nossos
olhos. Muitas vezes, a colaboração com outras realidades, que se movem
impelidas não pela fé mas pela solidariedade humana, consegue prestar uma ajuda
que, sozinhos, não poderíamos realizar. O
fato de reconhecer que, no mundo imenso da pobreza, a nossa própria intervenção
é limitada, frágil e insuficiente leva a estender as mãos aos outros, para que a
mútua colaboração possa alcançar o objetivo de maneira mais eficaz.
Somos
movidos pela fé e pelo imperativo da caridade, mas sabemos reconhecer outras formas de ajuda e solidariedade que se
propõem, em parte, os mesmos objetivos; desde que não transcuremos aquilo
que nos é próprio, ou seja, conduzir todos a Deus e à santidade. Uma resposta
adequada e plenamente evangélica, que podemos realizar, é o diálogo entre as
diversas experiências e a humildade de prestar a nossa colaboração, sem
qualquer espécie de protagonismo.
Em
vista dos pobres, não se perca tempo a
lutar pela primazia da intervenção, mas reconheçamos humildemente que é o
Espírito quem suscita gestos que sejam sinal da resposta e da proximidade de
Deus. Quando encontramos o modo para nos aproximar dos pobres, saibamos que
a primazia compete a Ele que abriu os nossos olhos e o nosso coração à
conversão. Não é de protagonismo que os pobres têm necessidade, mas de amor que
sabe esconder-se e esquecer o bem realizado.
Os verdadeiros
protagonistas são o Senhor e os pobres. Quem se coloca ao serviço é instrumento
nas mãos de Deus, para fazer reconhecer a sua presença e a sua salvação. Recorda-o São Paulo
quando escreve aos cristãos de Corinto, que competiam entre eles a propósito
dos carismas procurando os mais prestigiosos: “Não pode o olho dizer à mão:
“Não tenho necessidade de ti”; nem tão pouco a cabeça dizer aos pés: “Não tenho
necessidade de vós” (1 Cor 12,
21). Depois, o Apóstolo faz uma consideração importante, observando que os
membros do corpo que parecem mais fracos são os mais necessários (cf. 12, 22)
e, “aqueles que parecem ser os menos honrosos do corpo, a esses rodeamos de
maior honra e, aqueles que são menos decentes, nós os tratamos com mais decoro;
os que são decentes, não têm necessidade disso” (12, 23-24).
Ao
mesmo tempo que dá um ensinamento fundamental sobre os carismas, Paulo educa
também a comunidade para a conduta evangélica com os seus membros mais fracos e
necessitados. Longe dos discípulos de Cristo sentimentos de desprezo e de
pietismo para com eles; antes, são chamados a honrá-los, a dar-lhes a
precedência, convictos de que eles são uma presença real de Jesus no meio de
nós. “Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim
mesmo o fizestes” (Mt 25,
40).
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