“Este
pobre clama e o Senhor o escuta!”
MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA O II
DIA MUNDIAL DOS POBRES (6)
Por
isto se compreende quão distante esteja
o nosso modo de viver do modo de viver do mundo, que louva, segue e imita
aqueles que têm poder e riqueza, enquanto marginaliza os pobres considerando-os
um descarte e uma vergonha. As palavras do Apóstolo são um convite a dar
plenitude evangélica à solidariedade com os membros mais fracos e menos dotados
do corpo de Cristo: “Se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros; se um
membro é honrado, todos os membros participam da sua alegria” (1 Cor 12, 26). Na mesma linha,
nos exorta ele na Carta aos Romanos: “Alegrai-vos com os que se alegram, chorai
com os que choram. Preocupai-vos em andar de acordo uns com os outros; não vos
preocupeis com as grandezas, mas entregai-vos ao que é humilde” (12, 15-16).
Esta é a vocação do discípulo de Cristo; o ideal para o qual se deve tender
constantemente é assimilar cada vez mais em nós “os mesmos sentimentos, que
estão em Cristo Jesus” (Fil 2, 5).
Uma
palavra de esperança torna-se o epílogo natural para onde nos encaminha a fé. Muitas vezes, são precisamente os pobres
que põem em crise a nossa indiferença, filha duma visão da vida, demasiado
imanente e ligada ao presente. O clamor do pobre é também um brado de
esperança com que manifesta a certeza de ser libertado; esperança fundada no
amor de Deus, que não abandona quem a Ele se entrega (cf. Rm 8, 31-39). Santa Teresa de
Ávila deixara escrito no seu Caminho de Perfeição: “A pobreza é um
bem que encerra em si todos os bens do mundo; assegura-nos um grande domínio;
quero dizer que nos torna senhores de todos os bens terrenos, uma vez que nos
leva a desprezá-los” (2, 5). Na medida
em que somos capazes de discernir o verdadeiro bem é que nos tornamos ricos
diante de Deus e sábios diante de nós mesmos e dos outros. É mesmo assim: na
medida em que se consegue dar à riqueza o seu justo e verdadeiro significado,
cresce-se em humanidade e torna-se capaz de partilha.
Convido
os irmãos bispos, os sacerdotes e de modo particular os diáconos, a quem foram
impostas as mãos para o serviço dos pobres, juntamente com as pessoas
consagradas e tantos leigos e leigas que, nas paróquias, associações e
movimentos, tornam palpável a resposta da Igreja ao clamor dos pobres, a viver
este Dia Mundial como um momento privilegiado de nova
evangelização. Os pobres
evangelizam-nos, ajudando-nos a descobrir cada dia a beleza do Evangelho. Não
deixemos cair em saco roto esta oportunidade de graça. Neste dia,
sintamo-nos todos devedores para com eles, a fim de que, estendendo
reciprocamente as mãos uns para os outros, se realize o encontro salvífico que
sustenta a fé, torna concreta a caridade e habilita a esperança a prosseguir
segura no caminho rumo ao Senhor que vem.
Vaticano, na Memória
litúrgica de Santo Antônio de Lisboa, 13 de junho de 2018.
Francisco
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