quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

O Evangelho dominical - 16.12.2018


QUE PODEMOS FAZER?

A pregação do Batista abalou a consciência de muitos. Aquele profeta do deserto estava a dizer-lhes em voz alta o que sentiam nos seus corações: era necessário mudar, retornar a Deus, preparar-se para receber o Messias. Alguns aproximaram-se dele com esta pergunta: o que podemos fazer?
O Batista tem ideias muito claras. Ele não propõe apenas adicionar algo às suas vidas, novas práticas religiosas. Ele não pede que fiquem no deserto fazendo penitência. Ele não fala de novos preceitos. O Messias deve ser acolhido, olhando para os necessitados.
João Batista não se perde em teorias sublimes ou em motivações profundas. De forma direta, no mais puro estilo profético, resume tudo numa fórmula genial: Aquele que tem duas túnicas, que as distribua com quem não tem; e quem tem comida que faça o mesmo”. E nós, o que podemos fazer para acolher Cristo no meio desta sociedade em crise?
Antes de tudo, esforçar-nos muito mais em conhecer o que está acontecendo: a falta de informação é a primeira causa de nossa passividade. Por outro lado, não tolerar a mentira ou o encobrimento da verdade. Temos que saber, com toda a sua dureza, o sofrimento que está sendo injustamente gerado entre nós.
Não é suficiente viver com alguns momentos de generosidade. Podemos dar passos em direção a uma vida mais sóbria. Atrever-nos a fazer pouco a pouco a experiência de simplicidade, cortando o nosso atual nível de bem-estar, de compartilhar com os necessitados tantas coisas que temos e não precisamos para viver.
Podemos estar especialmente atentos àqueles que caíram em situações graves de exclusão social: expulsos, privados de cuidados de saúde adequados, sem renda ou qualquer recurso social. Devemos sair instintivamente em defesa daqueles que estão afundando na impotência e na falta de motivação para enfrentar o seu futuro.
A partir das comunidades cristãs, podemos desenvolver diversas iniciativas para estar perto dos casos mais sangrentos de desamparo social: conhecimento concreto de situações, mobilização de pessoas para não deixar ninguém sozinho, contribuição de recursos materiais, gestão de possíveis ajudas...
Para muitos, são tempos difíceis. A todos é oferecida a oportunidade de humanizar o nosso consumismo louco, de nos tornarmos mais sensíveis ao sofrimento das vítimas, de crescer na solidariedade prática, de contribuir para denunciar a falta de compaixão na gestão da crise... Será a nossa maneira de receber mais verdade de Cristo em nossas vidas.
José Antônio Pagola
Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez

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