quinta-feira, 16 de setembro de 2021

O Evangelho dominical (Pagola) - 19.09.2021

IMPORTANTES

Certamente, os nossos critérios não coincidem com os de Jesus. A quem de nós se lhe ocorre hoje pensar que os homens e mulheres mais importantes são aqueles que vivem a serviço dos outros?

Para nós, importante é a pessoa de prestígio, segura de si mesma, que alcançou o sucesso em algum campo da vida, que conseguiu sobressair sobre as outras e ser aplaudida. São essas pessoas cujo rosto podemos ver constantemente na televisão: líderes políticos, «prêmios Nobel», cantores de moda, atletas excecionais... Quem pode ser mais importante que eles?

Segundo o critério de Jesus, os mais importantes simplesmente esses milhares e milhares de homens e mulheres anônimos, de rosto desconhecido, a quem ninguém prestará qualquer homenagem, mas que se esforçam em serviço desinteressado aos outros. Pessoas que não vivem para o seu êxito pessoal. Pessoas que não pensam só em satisfazer egoisticamente os seus desejos, mas que se preocupam com a felicidade dos outros.

Segundo Jesus, há uma grandeza na vida destas pessoas que não conseguem ser felizes sem a felicidade dos outros. A sua vida é um mistério de entrega e desinteresse. Sabem por a sua vida a disposição dos outros. Atuam movidos pela bondade. A solidariedade anima o seu trabalho, as suas tarefas diárias, as suas relações, a sua convivência.

São pessoas que não vivem só para trabalhar nem para desfrutar. A sua vida não se reduz a cumprir as suas obrigações profissionais ou a executar diligentemente as suas tarefas. A vida dessas pessoas encerra algo mais. Vivem de maneira criativa. Cada pessoa que encontram no seu caminho, cada dor que percebem à sua volta, cada problema que surge junto a eles é uma chamada que os convida a atuar, servir e ajudar.

Tais homens e mulheres podem parecer os «últimos» ou “um zero”, mas a vida deles é verdadeiramente grande. Todos sabemos que uma vida de amor e serviço desinteressado vale a pena, mesmo que não nos atrevamos a vivê-la. Talvez tenhamos de rezar humildemente como fazia Teilhard de Chardin: «Senhor, responderei à tua inspiração profunda que me ordena existir, tendo o cuidado de não afogar, nem desviar nem desperdiçar a minha força de amar e fazer o bem».

José Antonio Pagola
Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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