VIII Semana do Tempo Comum | Maria, Mãe da Igreja | João 19,25-34
Com a solenidade de Pentecostes havíamos concluído
nosso caminho com o Evangelho de João. Mas hoje, em vista da memória litúrgica
de “Maria, mãe da Igreja”, continuamos mais um dia com ele. A memória dessa
festa mariana parte da informação bíblica, reforçada pela tradição, de que
Maria estava presente no evento de pentecostes. E nos sugere também uma
interpretação mariana dessa cena localizada no relato da paixão e morte de
Jesus.
Segundo João, no momento da paixão de Jesus no
Calvário, a mãe de Jesus, Maria Madalena e o discípulo amado estão de pé,
diante da cruz de Jesus. Jesus vê os três e faz uma dupla declaração, que é
também um duplo pedido: “Mulher, este é teu filho!” “Esta é tua mãe!” No alto
do calvário, diante da expressão máxima do amor de Deus por nós, Jesus nos
entrega Maria como mãe dos/as que creem, mãe da Igreja. E nos convida a levá-la
conosco, como a discípula primeira e fiel. Nasce aqui uma Nova Família, semente
de uma Nova Humanidade.
É interessante notar que o texto original não fala
da “mãe de Jesus”. O evangelista a apresenta apenas como “mãe”. Ela representa
o antigo Povo de Deus, do qual procedem Jesus e a primeira comunidade de
discípulos/as. Ela é convidada a fazer a passagem, reconhecendo e aceitando o
Novo Povo de Deus nascido da nova aliança. E o discípulo amado, que representa
o discipulado fiel e perseverante, é convidado a reconhecer suas raízes judaicas
e a protegê-las.
Na sequência, Jesus diz que tem sede. É um novo
pedido de acolhida no nível básico da humanidade que ele compartilha. Os
representantes do judaísmo não têm água, nem vinho (amor, acolhida), mas
somente vinagre (ódio). Aceitando, sem revidar mais este gesto de fechamento,
Jesus pode dizer que consumou a demonstração do amor do Pai pelo mundo e, em si
mesmo, arrematou ou deu o toque final à criação do Homem e da Mulher Novos,
iniciada no Gênesis.
Do
corte que o soldado faz no corpo de Jesus com sua espada escorre sangue (o amor
generoso e fecundo) e água (o Espírito que gera a Igreja). Isso não nos vem de
Maria, mas do Filho que ela entrega a nós como Mãe. Neste sentido, ela é mãe da
comunidade dos/as discípulos/as, mãe dos/as crentes. É isso se revela na sua
presença no cenáculo, no dia de pentecostes. Ela é mãe da Igreja na medida em
que é discípula fiel, capaz de assimilar o dinamismo da cruz do seu filho
amado. Ela é grande mais por ser discípula do próprio filho que por ser mãe.
Meditação:
· Situe-se no Calvário,
aos pés da cruz, com Jesus, sua mãe, Maria Madalena e o discípulo amigo e fiel
· Permita que ressoem em
você as densas e ternas palavras de Jesus: “Este é teu filho! Esta é tua mãe!
Tenho sede! Tudo está consumado!”
· Acolha Maria como a mãe
querida que Jesus partilha conosco e pede que levemos para nossa casa e peça a
ela a graça de seguir Jesus até onde ele for
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