sábado, 13 de maio de 2023

O Evangelho dominical (Pagola) - 14.05.2023

TEMOS UM DEFENSOR

A verdade é que nós seres humanos somos bastante complexos. Cada indivíduo é um mundo de desejos e frustrações, ambições e medos, dúvidas e interrogações. Com frequência não sabemos quem somos nem o que queremos. Desconhecemos para onde se está movendo a nossa vida. Quem pode nos ensinar a viver de forma correta?

Aqui não servem as abordagens abstratas nem as teorias. Não basta esclarecer as coisas de forma racional. É insuficiente ter diante dos nossos olhos normas e diretrizes corretas. O decisivo é a arte de atuar dia após dia de forma positiva, sã e criativa.

Para um cristão, Jesus é sempre o seu grande mestre de vida, mas já não o temos ao nosso lado. É por isso tem tanta importância estas palavras do Evangelho: «Pedirei ao Pai que vos dê outro Defensor que esteja sempre convosco, o Espírito da Verdade».

Necessitamos que alguém nos recorde a verdade de Jesus. Se a esquecermos, não saberemos quem somos nem o que estamos chamados a ser. Desviar-nos-emos do evangelho uma e outra vez. Defenderemos em seu nome causas e interesses que pouco têm a ver ele. Acreditaremos estar na posse da verdade ao mesmo tempo que a vamos desfigurando.

Necessitamos que o Espírito Santo ative em nós a memória de Jesus, a sua presença viva, a sua imaginação criativa. Não se trata de despertar uma memória do passado: sublime, comovente, cativante, mas memória. O que o Espírito do Ressuscitado faz conosco é abrir o nosso coração ao encontro pessoal com Jesus como alguém vivo. Só esta relação afetiva e cordial com Jesus Cristo é capaz de nos transformar e gerar em nós uma nova forma de ser e de viver.

O Espírito é chamado no quarto evangelho «defensor» ou «paráclito» porque nos defende do que nos pode destruir. Há muitas coisas na vida de que não nos sabemos defender por nós próprios. Necessitamos luz, fortaleza, alento sustentado. Por isso que invocamos o Espírito. É a melhor maneira de nos pormos em contato com Jesus e viver defendidos de quanto nos pode desviar dele.

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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