VIII Semana do
Tempo Comum | Quinta-feira | Marcos 10,46-52
(01/06/2023)
Jesus está na última etapa do seu
caminho de “subida” da Galileia a Jerusalém. Jericó fica a poucos quilômetros
da capital cantada e idealizada, está situada num vale, praticamente na área
suburbana de Jerusalém. Os mendigos, dependentes das intensas e constantes
peregrinações populares, aparecem cada vez mais frequentemente. Por outro lado,
os discípulos continuam cegos e fechados à proposta de Jesus, e os ricos
desertam desanimados com as exigências. É uma parábola do discipulado
missionário em todos os tempos.
O cego e mendigo Bartimeu, cujo nome
significa literalmente “filho da impureza”, “sujo” ou “impuro”. Enquanto os
discípulos, que pensam enxergar bem e acompanham Jesus pelo caminho, o cego e
mendigo está fixo à terra e depende da boa vontade dos peregrinos. Enquanto os
discípulos imaginam esperam que Jesus seja um messias poderoso e vitorioso, o
mendigo o invoca no horizonte de um messianismo popular, identificado com a
causa dos pobres (“filho de Davi”).
Jesus faz ao cego a mesma pergunta que
fizera aos filhos de Zebedeu, mas, enquanto Tiago, João e, provavelmente, todos
os outros discípulos do grupo dos Doze, desejam e pedem privilégios, o mendigo
e cego deseja e pede unicamente que seus olhos se abram. O homem rico não foi
capaz de distribuir seus bens para seguir Jesus, enquanto que Bartimeu abandona
o manto, o único bem que possui, e põe-se a caminho. Os ricos e nobres acabam
sendo os últimos, enquanto os pobres e “sujos” e pobres são os primeiros a
seguir Jesus. É uma inversão impressionante e difícil de ser assimilada.
Bastimeu é um personagem oposto ao jovem rico, e é o absoluto
protagonista nesta cena: grita, torna a gritar, não obedece quando querem que
ele se cale, faz Jesus parar, desfaz-se do manto, dá um pulo, põe-se de pé,
dialoga, pede e caminha. Por isso, ele é uma metáfora de toda pessoa habitada
pelo desejo de ver e conhecer, um modelo ideal ou paradigma de discípulo de
Jesus. E, de tabela, é também um “teólogo popular”, pois, mesmo cego, reconhece
em Jesus o herdeiro de Davi, e invoca a compaixão daquele que representa o
líder popular que sabe o que significa ser suspeito, excluído e marginalizado,
inclusive pelo pai e pelos irmãos maiores.
Meditação:
· Observe bem o papel de
protagonista de Bartimeu, enumere as ações que ele realiza (os verbos que as
descrevem)
· Você percebe a
diferença radical entre aquilo que Tiago e João pedem e aquilo que o mendigo
cego pede a Jesus?
· Bartimeu é o primeiro
personagem a chamar Jesus de “filho de Davi”; as palavras que você usa para se
dirigir a Jesus falam de que?
· Qual é seu desejo mais
profundo, que queima suas entranhas, e pelo qual você seria capaz de deixar
tudo o mais?
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