quarta-feira, 31 de maio de 2023

O Evangelho de cada dia (05) 01.06.2023

VIII Semana do Tempo Comum | Quinta-feira | Marcos 10,46-52

(01/06/2023)

Jesus está na última etapa do seu caminho de “subida” da Galileia a Jerusalém. Jericó fica a poucos quilômetros da capital cantada e idealizada, está situada num vale, praticamente na área suburbana de Jerusalém. Os mendigos, dependentes das intensas e constantes peregrinações populares, aparecem cada vez mais frequentemente. Por outro lado, os discípulos continuam cegos e fechados à proposta de Jesus, e os ricos desertam desanimados com as exigências. É uma parábola do discipulado missionário em todos os tempos.

O cego e mendigo Bartimeu, cujo nome significa literalmente “filho da impureza”, “sujo” ou “impuro”. Enquanto os discípulos, que pensam enxergar bem e acompanham Jesus pelo caminho, o cego e mendigo está fixo à terra e depende da boa vontade dos peregrinos. Enquanto os discípulos imaginam esperam que Jesus seja um messias poderoso e vitorioso, o mendigo o invoca no horizonte de um messianismo popular, identificado com a causa dos pobres (“filho de Davi”).

Jesus faz ao cego a mesma pergunta que fizera aos filhos de Zebedeu, mas, enquanto Tiago, João e, provavelmente, todos os outros discípulos do grupo dos Doze, desejam e pedem privilégios, o mendigo e cego deseja e pede unicamente que seus olhos se abram. O homem rico não foi capaz de distribuir seus bens para seguir Jesus, enquanto que Bartimeu abandona o manto, o único bem que possui, e põe-se a caminho. Os ricos e nobres acabam sendo os últimos, enquanto os pobres e “sujos” e pobres são os primeiros a seguir Jesus. É uma inversão impressionante e difícil de ser assimilada.

Bastimeu é um personagem oposto ao jovem rico, e é o absoluto protagonista nesta cena: grita, torna a gritar, não obedece quando querem que ele se cale, faz Jesus parar, desfaz-se do manto, dá um pulo, põe-se de pé, dialoga, pede e caminha. Por isso, ele é uma metáfora de toda pessoa habitada pelo desejo de ver e conhecer, um modelo ideal ou paradigma de discípulo de Jesus. E, de tabela, é também um “teólogo popular”, pois, mesmo cego, reconhece em Jesus o herdeiro de Davi, e invoca a compaixão daquele que representa o líder popular que sabe o que significa ser suspeito, excluído e marginalizado, inclusive pelo pai e pelos irmãos maiores.

 

Meditação:

·    Observe bem o papel de protagonista de Bartimeu, enumere as ações que ele realiza (os verbos que as descrevem)

·    Você percebe a diferença radical entre aquilo que Tiago e João pedem e aquilo que o mendigo cego pede a Jesus?

·    Bartimeu é o primeiro personagem a chamar Jesus de “filho de Davi”; as palavras que você usa para se dirigir a Jesus falam de que?

·    Qual é seu desejo mais profundo, que queima suas entranhas, e pelo qual você seria capaz de deixar tudo o mais?

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