sexta-feira, 9 de outubro de 2020

O Evangelho dominical (Pagola) - 11.10.2020

 

IR ÀS ENCRUZILHADAS DOS CAMINHOS

Jesus conhecia muito bem a vida dura e monótona dos camponeses. Sabia como esperavam a chegada do sábado para se libertarem do trabalho. Via-os alegres nas festas e casamentos. Que experiência poderia ser mais inspiradora para aquelas pessoas do que serem convidadas para um banquete e poder sentarem-se à mesa com os vizinhos e partilhar uma festa de casamento?

Movido pela Sua experiência de Deus, Jesus fala-lhes de uma maneira surpreendente. A vida não é feita apenas de trabalhos e preocupações, tristezas e dissabores. Deus está preparando uma festa final para todos os Seus filhos e filhas. A todos nos quer ver sentados junto a Ele, em torno da mesma mesa, desfrutando para sempre de uma vida plenamente feliz.

Jesus não se contentou em apenas falar assim sobre Deus. Ele mesmo convidava todos à Sua mesa inclusive e comia com pecadores e indesejáveis. Queria ser para todos o grande convite de Deus para a festa final. Queria vê-los receber com alegria seu convite e criando entre todos um clima amistoso e fraterno, que os prepararia para a festa final.

O que aconteceu na Igreja com este convite? Quem o anuncia? Quem o escuta? Onde se pode ter notícias desta festa? Satisfeitos com o nosso bem-estar, surdos a tudo o que não seja do nosso interesse, não acreditamos que precisamos de Deus. Não estaremos pouco a pouco acostumando-nos a viver sem a necessidade de uma esperança última?

Na parábola de Mateus, quando as pessoas que têm terras e negócios rejeitam o convite, o rei diz aos seus servos: “Ide agora às encruzilhadas dos caminhos e a todos os que encontreis, convidem-nos para o casamento”. A ordem é inesperada, mas reflete o que sente Jesus. Apesar de tanta rejeição e desprezo, haverá festa. Deus não mudou. Devemos continuar a convidar.

Mas agora é melhor ir às encruzilhada dos caminhos, por onde transitam tantas pessoas errantes, sem terras nem negócios, a quem ninguém nunca convidou para uma festa. Eles podem entender melhor que ninguém o convite. Eles podem recordar-nos a necessidade que temos de Deus. Podem ensinar-nos a esperança.

José Antonio Pagola

(Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez)

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