Como
administrar corretamente os bens que nos são confiados? | 525 |08. 11.2024 | Lucas 16,1-8
Este é um dos textos mais difíceis do
Evangelho. Está situado literariamente depois das três parábolas dirigidas aos
fariseus (a ovelha, a moeda e o filho perdidos, e a alegria de quem os
reencontrou). Mas, desta vez, Jesus se dirige aos discípulos, e isso é
importante para compreender o texto. Ele não está polemizando com ninguém, mas
formando os seus seguidores.
A parábola fala de um administrador
acusado de esbanjar os bens do patrão, bens que não lhe pertencem. Diante da
denúncia e de iminente demissão, ele reflete, decide e age com rapidez e
esperteza. O administrador sabe que o tempo presente é decisivo para seu
futuro, por isso analisa, pondera e decide. Ele não se defende da acusação, mas
procura um jeito esperto de garantir seu próprio futuro.
A parábola dá apenas dois exemplos
dessa esperteza do administrador. Muitos outros seriam possíveis, mas o que
interessa a Jesus é demonstrar a esperteza, a estratégia. O sujeito é
administrador, “filho deste mundo”, e sabe como “se virar” para “salvar a pele”.
Os discípulos, filhos da luz, devem saber decidir à luz do Reino, no meio de um
mundo que se rege por outra lógica.
O que deve ser imitado não é a ação interesseira,
desonesta e ilegal do empregado, mas sua capacidade de agir bem no breve tempo
presente em vista do futuro. Quem segue Jesus devem ter lucidez e sabedoria
para encarnar na provisoriedade deste mundo a fraternidade, os valores
definitivos do Reino de Deus.
Como filhos e filhas da luz, nas
avaliações e decisões estratégicas que devemos tomar permanentemente, não
podemos guiar-nos pelo medo ou pelo apego a pequenas vantagens para grupos
privilegiados. Nada de medo de “sujar as mãos” no mundo da política e da
economia. O que é preciso é subordiná-los à fraternidade, ao bem comum. Tudo
deve estar a serviço disso!
Quando temos o Reino de Deus como único tesouro, o medo se
afasta, os olhos se abrem, e a criatividade tira-nos da comodidade. E não se
trata de “salvar a própria pele”, mas de ter diante dos olhos o bem-estar da
humanidade, as necessidades dos pobres, dos “devedores”, das pessoas tratadas
como não-cidadãos. Esta é a esperteza dos discípulos de Jesus, dos filhos e filhas
da luz. O resto é ambição e capitulação.
Meditação:
§ Considere
também o exemplo do pai misericordioso, que empenha todos os bens (que não
pertencem totalmente a ele) para acolher o filho e refazer a solidariedade
familiar (15,11-32)
§ Leia
e releia a parábola, colocando-se no lugar dos discípulos, sem esquecer o todo
do ensino e da prática de Jesus
§ Quais
são os critérios que guiam nossas decisões nos momentos mais difíceis e
urgentes, nos quais nosso futuro este em jogo?
Um comentário:
Excelente aprendizado e oportunidade de avaliar como estou tocando a minha vida!
Postar um comentário