
Neste mesmo blog já tive oportunidade de apresentar um resumo desta mensagem, como você pode conferir (“Educar os jovens para a justiça e a paz”). Hoje volto à questão, estimulado por uma reflexão que fizemos no grupo de Promotores de Justiça, Paz e Integridade da Criação (PJPIC), na última quinta-feira, e pela convicção de que este desafio não pode ficar circunscrito apenas a uma jornada.
Se é verdade que o Evangelho é transmitido de geração em geração, especialmente mediante a ação e o testemunho dos pais, o mesmo podemos afirmar da desigualdade e da intolerância: elas são transmitidas de pai para filho. Por isso, necessário afirmar sempre de novo, como elemento essencial da fé em Jesus Cristo, a necessidade de uma ordem social mais justa e solidária.
Mas a educação dos jovens para a justiça e a paz supõe algumas condições, entre as quais: escutá-los e valorizá-los; atuar mais com eles que para eles; possuir vontade e inteligência para superar um projeto educacional medíocre, que se resume à informação e à formação técnica; guiá-los na aquisição de uma competência profissional, cultural e ética; criar uma aliança pedagógica capaz de articular as diversas instituições que atuam na formação da juventude; alargar nossa consciência do âmbito privado e local para as questões internacionais; manter o olhar sempre fixo nos grupos humanos excluídos e oprimidos.
A educação das novas gerações para a justiça e a paz só é viável se for desenvolvida concomitantemente na justiça e na paz, ou seja: num ambiente familiar, escolar e eclesial no qual a justiça e a paz sejam traduzidas em relações cotidianas. Como é possível educar os jovens nos valores da equidade e da justiça quando, no próprio ventre da Igreja, as mulheres são excluídas dos processos de decisão, de governo e de ação ministerial, e quando os/as leigos/as são tutelados/as e tratados/as como simples receptores/as de ordens e doutrinas?
Sabemos que uma autêntica educação não pode fazer menos da verdade sobre a pessoa humana , sobre a Igreja, sobre o mistério de Deus e sobre o mundo. Mas degenera em manipulação e falsidade um processo pedagógico que omite as contradições da vida eclesial, que reduz a identidade sexual da pessoa ao seu aspecto biológico, que trata as diversas religiões como idolátricas ou concorrentes, que ignora que o Espírito de Deus se antecipa à Igreja e fecunda os movimentos sociais que propugnam pelo bom viver.
O ano 2011 mostrou ao mundo, e também às religiões que boa parte da juventude está à frente das instituições e das outras gerações no que se refere à luta por um outro mundo. Em grande parte foi graças aos jovens que assistimos jubilosos à queda de vários regimes ditatoriais no norte do continente africano. Mas os7as jovens são também os protagonistas e as primeiras vítimas de uma luta ampla e continuada na Síria, cujo governo genocida continua sendo cinicamente apoiado pelo ocidente, e contra a ditadura implacável do sistema financeiro, em várias partes do mundo. Isso significa que todos/as estamos sendo educados/as pelos próprios jovens nos caminhos da justiça, interpelados/as por eles/as a abrir os olhos às questões urgentes e planetárias.

Itacir msf
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