Nestes dias em que temos a oportunidade e a obrigação de fazer memória do significado histórico, antropológico e social da mulher na sociedade e na Igreja, assim como da discriminação e da violência de que foram e continuam sendo vítimas, recolho e publico breves biografias de mulheres que, entre tantas outras igualmente anônimas, merecem ser lembradas. Todos estes recortes biográficos estão no livro Espelhos, de Eduardo Galeano (L&PM Editores, Porto Alegre, 2008), que recomendo vivamente, tanto pelo estilo como pelo conteúdo.
Susanne
Aristóteles sabia o que dizia: “A fêmea é como um macho deformado. Falta-lhe um elemento essencial: a alma.”
As artes plásticas eram um reino proibido aos seres sem alma. No século XVI, havia em Bolonha 524 pintores e uma pintora. No século XVII, na Academia de Paris, havia 435 pintores e 15 pintoras, todas esposas ou filhas de pintores.
No século XIX, Suzanne Valadon foi verdureira, acrobata de circo e modelo de Toulouse-Lautrec. Usava espartilhos feitos de cenouras e dividia seu estúdio com uma cabra. Ninguém se surpreendeu que ela fosse a primeira artista a se atrever a pintar homens nus. Tinha que ser uma doida...
Erasmo de Roterdam sabia o que dizia: “Uma mulher é sempre mulher, quer dizer: louca.” (p. 237)
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