Carta em defesa do Brasil, da
Democracia e do Trabalho
O pacto
político e social da Constituição de 1988 está sob um ataque de exceção. Contra
a política, contra os partidos, especialmente do campo da esquerda, contra os
movimentos sociais. Este ataque representa a maior ofensiva organizada
pelas forças políticas da direita e pelo oligopólio da mídia conservadora,
desde 1968.
A luta contra
a corrupção, que deveria atingir de forma indistinta e igual quem viola a
legalidade e desmoraliza a política e o Estado, está sendo instrumentalizada
por setores conservadores e foi colocada a serviço de um projeto autoritário de
restauração de uma democracia restrita e de redução das funções públicas do
Estado.
Parte da
direita não hesita em clamar pela intervenção militar, como se o Brasil fosse
uma república bananeira, e as nossas forças armadas fossem feitoras dos
interesses do capital financeiro. Promovem a contra-reforma política para
manter o financiamento empresarial de campanhas eleitorais e partidos políticos
e buscam terceirizar o Banco Central, pretendendo sua “independência” em
relação ao Estado e sua submissão total à especulação globalizada. Agendam
a redução da maioridade penal e organizam ataques às conquistas das mulheres,
negros e homossexuais. Incitam o ativismo judicial seletivo, antidemocrático,
para desestabilizar o pacto político de 1988.
A direita e o
grande empresariado promovem agora uma reforma penosa aos trabalhadores, para
universalizar a terceirização, com um ataque severo às conquistas laborais do
século passado. Aprovada, terá como efeito mais grave maior precarização das
relações de trabalho e a redução de salários.
A democracia: reforma política e dos meios de comunicação
A democracia: reforma política e dos meios de comunicação
No Brasil, a
luta pela democratização da política assume, hoje, duas formas principais. Primeiro,
a luta contra o financiamento empresarial de campanhas eleitorais e dos
partidos políticos. Segundo, a luta contra o controle plutocrático dos
meios de comunicação, desrespeitando dispositivo constitucional que veda o
monopólio e oligopólio.
Contra a
decadência do sistema político, as esquerdas e as forças comprometidas com a
democracia e com o avanço social precisam se unir em torno da reforma política
e pela democratização
dos meios de comunicação. Unir-se pela verdadeira liberdade de
imprensa, que implica no direito à livre circulação da opinião, normalmente
censurada pelos oligopólios, e pela transparência e democratização das
concessões para rádios e TVs, que hoje são feitas no subsolo da política
nacional. As duas reformas são fundamentais para controlar o papel que o
dinheiro exerce como agente corruptor da democracia.
No que concerne à reforma política, o principal mecanismo de democratização de campanhas eleitorais e prevenção contra a corrupção é o bloqueio do financiamento empresarial de campanhas e partidos políticos. No que tange à reforma dos meios de comunicação, para limitar o poder do dinheiro é necessário limitar a propriedade e o controle, em uma mesma área, de órgãos de comunicação controlados por um mesmo grupo empresarial. O controle de grupos milionários e de políticos sem escrúpulos sobre meios de comunicação confere vantagens políticas que pervertem a cláusula democrática e deformam as eleições.
No que concerne à reforma política, o principal mecanismo de democratização de campanhas eleitorais e prevenção contra a corrupção é o bloqueio do financiamento empresarial de campanhas e partidos políticos. No que tange à reforma dos meios de comunicação, para limitar o poder do dinheiro é necessário limitar a propriedade e o controle, em uma mesma área, de órgãos de comunicação controlados por um mesmo grupo empresarial. O controle de grupos milionários e de políticos sem escrúpulos sobre meios de comunicação confere vantagens políticas que pervertem a cláusula democrática e deformam as eleições.
A agenda
destas reformas nos unifica, imediatamente, no seguinte: a) proibição do
financiamento dos partidos e das campanhas eleitorais por empresas; b) a
limitação do número de veículos de comunicação, por grupo empresarial, em uma
mesma área geográfica.
A democratização do desenvolvimento econômico e a rejeição da austeridade
Apesar da crise global, os defensores do projeto neoliberal não desanimam na defesa dessa utopia direitista e dos interesses que ela atende. Seu ataque quer atingir o que diferenciou, no mundo, o desenvolvimento brasileiro na última década: a expansão de salários e direitos sociais; a formação de um mercado interno ampliado pelo aumento do consumo popular; a recuperação de alguma capacidade de planejamento estatal; a rejeição do projeto de integração subordinada à globalização neoliberal.
A democratização do desenvolvimento econômico e a rejeição da austeridade
Apesar da crise global, os defensores do projeto neoliberal não desanimam na defesa dessa utopia direitista e dos interesses que ela atende. Seu ataque quer atingir o que diferenciou, no mundo, o desenvolvimento brasileiro na última década: a expansão de salários e direitos sociais; a formação de um mercado interno ampliado pelo aumento do consumo popular; a recuperação de alguma capacidade de planejamento estatal; a rejeição do projeto de integração subordinada à globalização neoliberal.
A direita
emparedou o Governo da Presidenta Dilma Rousseff em função da dominação que o
dinheiro exerce na formação da opinião, por meio dos oligopólios da mídia,
aproveitando os erros cometidos na formação dos preços públicos, na manutenção
de alguns subsídios, combinados com a elevação das taxas de juros e a retração
do investimento público.
Todo ajuste
ortodoxo de corte neoliberal se assenta em dois pilares: juros elevados e
restrições orçamentárias para investimentos em infraestrutura e para programas
de combate às desigualdades sociais e regionais. O “ajuste” como proposto
no Brasil - não toca nas desigualdades de patrimônio e renda, penaliza
principalmente os trabalhadores e camadas sociais vulneráveis, fragiliza as
forças progressistas diante do avanço das forças conservadoras.
O nosso
“ajuste” deve ser outro. Deve garantir o crescimento com a ampliação dos
investimentos para combater desigualdades sociais, regionais e gargalos
produtivos. Deve potencializar um projeto de nação democrática e justa: a
democratização da estrutura tributária brasileira é essencial para que o
desenvolvimento soberano e inclusivo receba a contribuição dos que podem
contribuir mais.
Nesse sentido,
o Imposto de Renda deve ser reduzido para trabalhadores e camadas médias, mas
majorado, progressivamente, para grandes salários e lucros distribuídos. A
tributação da riqueza acumulada deve contar com Imposto sobre as Grandes
Fortunas e Grandes Heranças. Finalmente, deve ser veementemente repelida
a proposta de eliminar a independência do Banco Central em relação aos bancos
que deve regular.
Depois do
repúdio do povo brasileiro durante a campanha presidencial à proposta de um
Banco Central “Independente” (em relação ao governo eleito), reavivá-la no
Congresso Nacional é uma atitude que denota um enorme afastamento dos
representantes do povo em relação aos interesses da maioria da nação.
A agenda
mínima de reformas que nos unifica, imediatamente, quanto ao desenvolvimento,
fundamenta-se no seguinte: rejeição da austeridade que é inepta para a retomada
do crescimento; redução das taxas de juros; retomada do investimento público;
reestruturação imediata do Imposto de Renda, com aumento das alíquotas para os
muito ricos; taxação de Grandes Fortunas e Grandes Heranças; programa de largo
alcance e qualidade técnica para combater a sonegação de impostos, políticas
que devem ser debatidas na cena pública democrática, tanto no Parlamento como
na relação direta do Governo com a sociedade.
Participação direta da cidadania nas decisões sobre políticas públicas
Participação direta da cidadania nas decisões sobre políticas públicas
A Constituição
Brasileira abre a possibilidade de participação direta da cidadania (art. 14) e
a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/1999) recomenda que os governos
procedam discussões públicas sobre o Orçamento.
Esses
preceitos ainda não se materializam em instituições e práticas efetivas.
Consultas públicas, plebiscitos e referendos não devem ser eventos raros em uma
democracia ampliada.
É necessário
construir mecanismos que efetivem a participação direta e desenvolvam a
democracia na definição de políticas públicas, prioridades orçamentárias e
formas de financiá-las que ampliem a justiça social.
Pela defesa da democracia, do trabalho e da soberania nacional
Pela defesa da democracia, do trabalho e da soberania nacional
Diante do
avanço da direita, é necessário pensar hoje não apenas na estabilidade e na
governabilidade democrática, mas na defesa de um programa mínimo que unifique
as forças sociais comprometidas com a defesa da democracia, do trabalho e da
soberania nacional.
Para
construir, debater e defender esse programa, é fundamental a constituição gradual de
uma Frente Democrática pelas Reformas Populares. Uma Frente que aponte,
nos processos eleitorais e nas lutas sociais, para uma nova governabilidade com
base programática. A formação desta Frente é uma tarefa política de toda a
esquerda, com participação ampla da sociedade civil não organizada em partidos
e membros de partidos.
Lutamos há
décadas pela democracia contra as mesmas forças do atraso que, hoje, querem
voltar a limitá-la. Lutemos em conjunto para que a democracia brasileira supere
a nova ameaça reacionária, e atenda progressivamente aos anseios do povo
brasileiro por menores desigualdades, mais direitos e oportunidades de vida
digna.
O Fórum 21,
organização da sociedade civil constituída em dezembro de 2014, organizou uma
Carta em defesa de temas caros a todos nós. A comissão final de redação foi
formada por Luiz Gonzaga Belluzzo, Ladislau Dowbor, Leda Paulani, Reginaldo
Moraes e por Pedro Paulo Zahluth Bastos. A Carta tem apoio dos movimentos
sociais abaixo listados que também apoiaram o manifesto lido no Senado Federal
na semana do dia 18 de maio de 2015 pelo Sendor Lindberg Farias. A Carta amplia
os temas do manifesto para discutir outras reformas populares e conclama as
forças de esquerda para formar uma frente para defendê-las.
Adere (Articulação dos Empregados Rurais de Estado de Mg)
Associação de Mulheres de Viamão Maria Quitéria - Presidenta: Joice Dutra
CUT Nacional – Central Única dos Trabalhadores – Executiva Nacional
Coletivo Brasil de Comunicação Social Intervozes
Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé
Consulta Popular
Federação das Mulheres Gaúchas - FMG - Presidenta: Adriana Damasceno
Feremg (Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de Minas Gerais
Levante Popular da Juventude
Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Campo –MTC
MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Nação Hip Hop Brasil
Observatório da Mulher
Sindicato dos Assalariados Rurais da Região Sul De Minas Gerais
Sindicato dos Assalariados Rurais de Conceição Do Rio Verde Mg
Sindicato dos Assalariados Rurais de Guapé
Sindicato dos Assalariados Rurais de Tres Corações Mg
Sindicato dos Assalariados Rurais e Eloi Mendes
Sindicatos dos Assalariados Rurais de Carmo de Minas
UNE – União Nacional dos Estudantes
Adere (Articulação dos Empregados Rurais de Estado de Mg)
Associação de Mulheres de Viamão Maria Quitéria - Presidenta: Joice Dutra
CUT Nacional – Central Única dos Trabalhadores – Executiva Nacional
Coletivo Brasil de Comunicação Social Intervozes
Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé
Consulta Popular
Federação das Mulheres Gaúchas - FMG - Presidenta: Adriana Damasceno
Feremg (Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de Minas Gerais
Levante Popular da Juventude
Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Campo –MTC
MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Nação Hip Hop Brasil
Observatório da Mulher
Sindicato dos Assalariados Rurais da Região Sul De Minas Gerais
Sindicato dos Assalariados Rurais de Conceição Do Rio Verde Mg
Sindicato dos Assalariados Rurais de Guapé
Sindicato dos Assalariados Rurais de Tres Corações Mg
Sindicato dos Assalariados Rurais e Eloi Mendes
Sindicatos dos Assalariados Rurais de Carmo de Minas
UNE – União Nacional dos Estudantes
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