sexta-feira, 17 de julho de 2015

Sérgio Macaco

Capitão Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, Sérgio Macaco
Era uma vez um homem, um militar completo, um herói que vivia na selva, comandando o PARASAR, abrindo fronteiras e salvando vidas. A selva era a sua casa, com tamanha desenvoltura que lhe valeu o apelido carinhoso de “macaco” entre seus companheiros. Os índios o chamavam de Nhambiguá Caraíba, homem branco bom. Seu nome era Sérgio e era capitão, quando o mal lhe cruzou o caminho.
A Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, guerreiro sem medo, pediram que matasse inocentes, que derramasse sangue. Um brigadeiro assassino ordenou-lhe que explodisse um gasômetro, trucidasse estudantes, atentados terroristas que desencadeariam um verdadeiro massacre em resposta a um suposto golpe atribuído a “comunistas”.

A proposta desse assassino fardado não era nova nem original. Já funcionara na Alemanha, sob o nazismo, quando atrocidades inomináveis foram cometidas e justificadas por militares e civis sob a alegação de estar apenas “cumprindo ordens”.
Sergio era de outra estirpe. Com a coragem, determinação e desassombro de quem tem alma e caráter disse não ao criminoso e evitou o que poderia ter sido a maior tragédia humana de nossa História. A ira dos criminosos no poder caiu sobre ele como um raio. Tiraram-lhe quase tudo. Não adiantou figuras históricas como o Brigadeiro Eduardo Gomes, lutarem por ele e tomarem a sua defesa. O arbítrio e o crime mandavam naquele triste Brasil dos anos de chumbo.
Sérgio perdeu a farda, o trabalho e a alegria. Só não puderam quebrar sua integridade e honra, sua firmeza de homem e soldado, um soldado que dizia preferir a pior das democracias à melhor das ditaduras.
Sérgio jamais pleiteou anistia por considerar que anistia é esquecimento, perdão, e julgava – com absoluta razão – que seu gesto de resistência, sua desobediência a uma ordem criminosa eram exemplos a serem seguidos.
Exemplos de predomínio do bem e da consciência sobre o crime e a cegueira. Se ao longo da história, tivéssemos tido mais Sérgios quantos crimes não teriam sido evitados? Só os grandes homens tem coragem de resistir como ele resistiu.
Sergio lutou incansavelmente e até o final de sua vida pela justiça que lhe era divida. Foi derrotado pela doença e morreu sem poder ver a sua vitória, devido à pequenez de um presidente da república: Itamar Franco, que – mesmo sabendo que o capitão estava ferido de morte, acometido de um câncer terminal – e tendo o decreto promovendo-o a brigadeiro sobre a sua mesa, esperou a morte do herói para assiná-lo. Tal é a pequenez de alguns homens deste grande país.
É este grande homem, Sérgio, este brasileiro ímpar, este companheiro de todos nós que estamos homenageando aqui hoje. Homens como o brigadeiro Sergio Ribeiro Miranda de Carvalho, o imortal Sérgio Macaco, estarão para sempre vivos nos corações e mentes da nação brasileira. Saudemos o glorioso capitão da vida. Capitão Sérgio Presente!


Movimento de Justiça e Direitos Humanos/Brasil

Um comentário:

Prof. Irapuan Teixeira disse...

O camarada foi expulso da AMAN por falta de caráter e vocês o consideram um militar completo? Leiam a história ao invés de quererem reescrevê-la!