214 | Ano B | Oitava do Natal | Festa da S. Família | Lucas 2,22-40
31/12/2023
Lucas nos mostra
que Maria e José cumprem a lei da purificação da mãe após o parto, e aproveitam
a oportunidade para apresentar Jesus ao Templo e ao povo. Assim, o casal de
Nazaré percorre o curto caminho que leva da marginalidade de Belém ao centro de
político e religioso de Jerusalém. O momento alto e revelador não é o estrito
cumprimento das leis, mas o encontro, à margem da lei, com Simeão e Ana. Na
cena, tudo chama a atenção para o significado do filho que Maria e José levam
nos braços.
Simeão – “um homem
justo e piedoso e esperava a consolação do povo de Israel” – toma o Menino nos
braços e, com seu olhar penetrante, é capaz de discernir a presença libertadora
de Deus na fragilidade humana. É uma salvação que desborda as fronteiras étnicas
e religiosas de Israel: ela se destina a todos os povos, é luz que ilumina. E Ana
também fala do Menino a todas as pessoas que viviam de esperança.
Ali, naquele
suntuoso templo, Maria e José experimentam um certo brilho e uma grande
satisfação. “Estavam maravilhados com o que diziam do Menino”. Poucas coisas
estão claras, mas neles cresce a percepção de que o filho que lhes foi confiado
é especial para todos os povos. O testemunho que recebem de pastores, homens justos
e mulheres piedosas o confirmam. Mas este entusiasmo logo é ofuscado pelas
palavras misteriosas que Simeão dirige a Maria: “Ele será um sinal de
contradição”.
Unidos pelos
laços de um amor profundamente humano, José e Maria precisam avançar e crescer
no escuro da fé. Como Abraão, eles se lançam na estrada sem saber onde
chegarão. Ousam acreditar, e isso lhes é creditado como justiça. Abrem-se,
pouco a pouco, à novidade que Deus manifesta através do nascimento daquele
inesperado filho. Mas eles precisam crescer na fé no mesmo ritmo que o filho
cresce em estatura.
Nazaré é o lugar
onde Jesus cresce, se fortalece e adquire sabedoria. José e Maria o educam
longe do ambiente glorioso e sedutor do templo. Morar em Nazaré significou
assimilar a esperança cultivada pelo “resto de Israel”, pelo “broto das raízes
de Jessé”, manter-se ligados às raízes populares da esperança vinculada os
pobres. E isso que faz deles uma família sagrada.
Meditação:
§ Releia o texto lentamente, detendo-se nos
personagens e nas sucessivas cenas: apresentação, encontro com Simeão e com Ana
§ Procure perceber como, nas palavras de Simeão
e de Ana, transparece a vida e a missão do Jesus adulto
§ O que significa hoje educar os/as filhos/as na
sabedoria e na graça de Deus, e crescer com eles na vivência da ética do
Evangelho?
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