185 | Ano B | 1ª
Semana do Advento | Domingo | Marcos 13,31-37
03/12/2023
Para sublinhar
a vigilância, atitude central no advento, Jesus conta uma parábola na qual chama
a atenção para a figura do porteiro. O porteiro atua no limite entre a área
interior e exterior da casa; pertence ao pessoal da casa, mas precisa estar
atento aos que estão para chegar; conhece os segredos da casa, mas deve saber reconhecer
e acolher as visitas que estão sendo esperadas. Ele não é propriamente um vigia,
e, mais que proteger o patrimônio, deve acolher as pessoas que chegam.
Jesus nos
convida a viver vigilantes, pois algo novo está para chegar, uma grande mudança
está para acontecer. Para falar disso, ele usa uma linguagem apocalíptica,
dizendo que as estrelas caem, os poderes são abalados e as estruturas basilares
da ordem social e política sofrem um eclipse. Os sinais cósmicos e históricos
anunciam que uma nova ordem social, que uma nova humanidade está sendo gerada.
E tudo o que é histórico é transitório, só a Palavra viva de Deus permanece.
Como o porteiro, precisamos identificar e dar passagem a aos sinais dessa
novidade que está batendo à nossa porta.
Jesus
ressalta que o Reino de Deus e o ser humano renovado vêm de baixo, lançam
raízes na família humana, que experimenta a noite escura da fragilidade e da
injustiça. Ou, dizendo de outro modo, a nova humanidade vem de cima, do alto da
cruz, da doação generosa e solidária de nós mesmos e de tudo o que possuímos em
favor da vida dos últimos. A Palavra que não passa é aquela que Jesus
pronunciou silenciosamente no alto da cruz!
“O que
eu digo a vocês, digo a todos: fiquem vigiando!” Aqui Jesus antecipa o que dirá
mais adiante, pouco antes de ser preso: “Minha alma está numa tristeza de
morte. Fiquem aqui e vigiem” (Mc 14,34). Essa vigília deveria se estender pelos
momentos seguintes: a prisão, a negação, a espera e o amanhecer. Mas os
discípulos não conseguiram vigiar nem uma hora, pois resistiam à fragilidade e
à vulnerabilidade de Deus, que se revela na cruz.
Hoje
muitos cristãos não alimentam mais nenhuma esperança. Não esperam o advento de
uma nova humanidade. Não creem na possibilidade de um mundo mais justo. Não
querem ser perturbados no seu sono tranquilo e indiferente à sorte dos irmãos. Se
mantêm uma certa esperança, mas continuam confiando nos meios potentes. Não acreditam
numa Igreja dos pobres e para os pobres. Preferem dormir sob a proteção dos
impérios que transformá-los.
Meditação:
§ Leia atentamente esta cena e as palavras de
Jesus, relacionando-as com o conjunto do seu ensinamento
§ O que hoje provoca em nós mais
insensibilidade, embriaguez e preocupações que mudam nosso foco e nos dispersam?
§ Você cultiva a esperança de que “um outro
mundo é possível”, ou não acredita em mais nada?
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