sábado, 2 de dezembro de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (185)

185 | Ano B | 1ª Semana do Advento | Domingo | Marcos 13,31-37

03/12/2023

Para sublinhar a vigilância, atitude central no advento, Jesus conta uma parábola na qual chama a atenção para a figura do porteiro. O porteiro atua no limite entre a área interior e exterior da casa; pertence ao pessoal da casa, mas precisa estar atento aos que estão para chegar; conhece os segredos da casa, mas deve saber reconhecer e acolher as visitas que estão sendo esperadas. Ele não é propriamente um vigia, e, mais que proteger o patrimônio, deve acolher as pessoas que chegam.

Jesus nos convida a viver vigilantes, pois algo novo está para chegar, uma grande mudança está para acontecer. Para falar disso, ele usa uma linguagem apocalíptica, dizendo que as estrelas caem, os poderes são abalados e as estruturas basilares da ordem social e política sofrem um eclipse. Os sinais cósmicos e históricos anunciam que uma nova ordem social, que uma nova humanidade está sendo gerada. E tudo o que é histórico é transitório, só a Palavra viva de Deus permanece. Como o porteiro, precisamos identificar e dar passagem a aos sinais dessa novidade que está batendo à nossa porta.

Jesus ressalta que o Reino de Deus e o ser humano renovado vêm de baixo, lançam raízes na família humana, que experimenta a noite escura da fragilidade e da injustiça. Ou, dizendo de outro modo, a nova humanidade vem de cima, do alto da cruz, da doação generosa e solidária de nós mesmos e de tudo o que possuímos em favor da vida dos últimos. A Palavra que não passa é aquela que Jesus pronunciou silenciosamente no alto da cruz!

“O que eu digo a vocês, digo a todos: fiquem vigiando!” Aqui Jesus antecipa o que dirá mais adiante, pouco antes de ser preso: “Minha alma está numa tristeza de morte. Fiquem aqui e vigiem” (Mc 14,34). Essa vigília deveria se estender pelos momentos seguintes: a prisão, a negação, a espera e o amanhecer. Mas os discípulos não conseguiram vigiar nem uma hora, pois resistiam à fragilidade e à vulnerabilidade de Deus, que se revela na cruz.

Hoje muitos cristãos não alimentam mais nenhuma esperança. Não esperam o advento de uma nova humanidade. Não creem na possibilidade de um mundo mais justo. Não querem ser perturbados no seu sono tranquilo e indiferente à sorte dos irmãos. Se mantêm uma certa esperança, mas continuam confiando nos meios potentes. Não acreditam numa Igreja dos pobres e para os pobres. Preferem dormir sob a proteção dos impérios que transformá-los.

 

Meditação:

§  Leia atentamente esta cena e as palavras de Jesus, relacionando-as com o conjunto do seu ensinamento

§  O que hoje provoca em nós mais insensibilidade, embriaguez e preocupações que mudam nosso foco e nos dispersam?

§  Você cultiva a esperança de que “um outro mundo é possível”, ou não acredita em mais nada?

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