ALEGRA-TE!
O relato da
anunciação a Maria é um convite a despertar em nós algumas atitudes básicas que
devemos cuidar para viver a nossa fé com alegria e confiança. Basta que
recorramos à mensagem que é colocada na boca do anjo.
«Alegra-te». É a primeira coisa que Maria escuta de Deus e a
primeira que também nós devemos ouvir. «Alegra-te»: esta é a primeira palavra
de Deus a todas as criaturas. Nestes tempos que nos parecem incertos e sombrios,
cheios de problemas e dificuldades, a primeira coisa que nos pedem é não perder
a alegria. Sem alegria, a vida se torna cada vez mais difícil e dura.
«O Senhor está contigo». A alegria à qual somos convidados não é
um otimismo forçado ou um autoengano fácil. É a alegria interior que nasce em
quem enfrenta a vida com a convicção de que não está sozinho. Uma alegria que
nasce da fé. Deus nos acompanha, nos defende e procura sempre o nosso bem.
Podemos queixar-nos de muitas coisas, mas nunca podemos dizer que estamos
sozinhos, pois isso não é verdade. Dentro de cada um de nós, no mais profundo
do nosso ser, está Deus, nosso Salvador.
«Não temas». São muitos os medos que podem despertar-se em nós.
Medo do futuro, da doença, da morte. Temos medo de sofrer, de nos sentirmos
sozinhos, de não sermos amados. Podemos ter medo das nossas contradições e
inconsistências. O medo é mau, dói. O medo sufoca a vida, paralisa as forças,
impede-nos de caminhar. O que precisamos é de confiança, segurança e luz.
«Encontraste graça diante de Deus». Não só Maria, também nós
devemos escutar estas palavras, pois todos vivemos e morremos sustentados pela
graça e pelo amor de Deus. A vida continua aí, com as suas dificuldades e
preocupações. A fé em Deus não é uma receita para resolver problemas diários.
Mas tudo é diferente quando vivemos procurando em Deus luz e força para os
enfrentar.
Nestes tempos nem sempre fáceis, não precisaremos de despertar
em nós a confiança em Deus e a alegria de nos sabermos acolhidos por ele? Por
que não nos libertamos um pouco dos medos e ansiedades, enfrentando a vida a
partir da fé de um Deus próximo?
José Antonio Pagola
Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez
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