sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (213)

213 | Ano B | 6º dia da Oitava de Natal | Sábado | Lucas 2,36-40

30/12/2023

O texto de hoje á parte do relato natalino mais amplo. Ontem vimos que o belo cântico de Simeão é uma síntese da profissão de fé e do anúncio jubiloso dos primeiros cristãos: Jesus é Boa Notícia e caminho de libertação para todos os povos. É também o paradigma da missão da Igreja: sair do estreito âmbito dos seus interesses e sua cultura para ser presença consoladora e libertadora para todas as pessoas e povos.

Hoje, é-nos oferecida à meditação a bela cena do encontro da Família de Nazaré (ainda no templo, onde fora apresentar Jesus e inseri-lo no povo de Deus) com uma mulher idosa e profetiza chamada Ana. Ela é viúva e piedosa, dedicada a Deus e suas promessas. O testemunho dela completa e confirma o de Simeão: ela proclama que Jesus representa a redenção do povo de Deus. Não é uma conclusão lógica diante de um menino, mas uma visão profética.

Ana é a única profetiza nomeada como tal no Novo Testamento. No Antigo Testamento aparecem apenas duas profetizas: Hulda e uma anônima, apresentada como a mulher de Isaías. Notemos também que, nas tradições do povo de Israel, a vida longa de uma pessoa era considerada sinal de maturidade e sabedoria. E Ana havia alcançado 84 anos de vida, a maioria deles dedicados à oração e ao jejum, expressões típicas da piedade sincera.

Em Ana aparece o perfil da viúva cristã. Sua comunhão com Deus desenvolve a sensibilidade e o discernimento que a fazem capaz de identificar a realização das mais nobres promessas de Deus naquele bebê frágil, filho de um casal de galileus, olhados com suspeita pelos judeus que viviam em Jerusalém e falavam em nome do templo. Sua convicção e sua fé a movem a louvar a Deus pelo cumprimento de suas promessas de modo tão inesperado.

Simeão e Ana, cada um a seu modo e com palavras diversas, nos convidam a ver um novo sentido por trás dos ritos tradicionais e uma força inaudita nas criaturas mais frágeis. A pertença a Israel, ao templo e adesão fiel aos seus ritos não asseguram mais a presença salvadora de Deus. Em Jesus, a salvação de Deus é para todos os povos, e passa pela concretude dos gestos de amor e compaixão pela vida frágil e sofredora. Com ele, precisamos “descer a Nazaré” e crescer em todos os sentidos.

 

Meditação:

§   Releia o texto lentamente, detendo-se nos personagens, nos gestos, nas atitudes e nas palavras deles

§   Perceba nas palavras e atitudes de Ana sinais da vida e da missão do Jesus adulto e dos cristãos

§   Com que palavras, atitudes e sentimentos falamos do nosso encontro com Jesus aos homens e mulheres de hoje?

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