213 | Ano B | 6º dia da Oitava de Natal | Sábado | Lucas 2,36-40
30/12/2023
O texto de hoje á
parte do relato natalino mais amplo. Ontem vimos que o belo cântico de Simeão é
uma síntese da profissão de fé e do anúncio jubiloso dos primeiros cristãos:
Jesus é Boa Notícia e caminho de libertação para todos os povos. É também o
paradigma da missão da Igreja: sair do estreito âmbito dos seus interesses e
sua cultura para ser presença consoladora e libertadora para todas as pessoas e
povos.
Hoje, é-nos
oferecida à meditação a bela cena do encontro da Família de Nazaré (ainda no
templo, onde fora apresentar Jesus e inseri-lo no povo de Deus) com uma mulher
idosa e profetiza chamada Ana. Ela é viúva e piedosa, dedicada a Deus e suas
promessas. O testemunho dela completa e confirma o de Simeão: ela proclama que
Jesus representa a redenção do povo de Deus. Não é uma conclusão lógica diante
de um menino, mas uma visão profética.
Ana é a única
profetiza nomeada como tal no Novo Testamento. No Antigo Testamento aparecem
apenas duas profetizas: Hulda e uma anônima, apresentada como a mulher de
Isaías. Notemos também que, nas tradições do povo de Israel, a vida longa de
uma pessoa era considerada sinal de maturidade e sabedoria. E Ana havia
alcançado 84 anos de vida, a maioria deles dedicados à oração e ao jejum,
expressões típicas da piedade sincera.
Em Ana aparece o
perfil da viúva cristã. Sua comunhão com Deus desenvolve a sensibilidade e o
discernimento que a fazem capaz de identificar a realização das mais nobres
promessas de Deus naquele bebê frágil, filho de um casal de galileus, olhados com
suspeita pelos judeus que viviam em Jerusalém e falavam em nome do templo. Sua
convicção e sua fé a movem a louvar a Deus pelo cumprimento de suas promessas
de modo tão inesperado.
Simeão e Ana,
cada um a seu modo e com palavras diversas, nos convidam a ver um novo sentido
por trás dos ritos tradicionais e uma força inaudita nas criaturas mais frágeis.
A pertença a Israel, ao templo e adesão fiel aos seus ritos não asseguram mais
a presença salvadora de Deus. Em Jesus, a salvação de Deus é para todos os
povos, e passa pela concretude dos gestos de amor e compaixão pela vida frágil
e sofredora. Com ele, precisamos “descer a Nazaré” e crescer em todos os
sentidos.
Meditação:
§ Releia o texto lentamente, detendo-se nos
personagens, nos gestos, nas atitudes e nas palavras deles
§ Perceba nas palavras e atitudes de Ana sinais
da vida e da missão do Jesus adulto e dos cristãos
§ Com que palavras, atitudes e sentimentos
falamos do nosso encontro com Jesus aos homens e mulheres de hoje?
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