terça-feira, 26 de dezembro de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (210)

210 | Ano B | Festa de São João, Apóstolo e Evangelista | João 20,2-8

27/12/2023

A primeira manifestação da ressurreição de Jesus se dá na visita de Madalena à sepultura. Vendo a pedra afastada, Maria vai avisar os discípulos. O amigo de Jesus, que identificamos com o apóstolo e evangelista João, é o primeiro a chegar. Vê a sepultura vazia e as vestes, mas não entra. Pedro chega depois, entra na sepultura e vê o sudário dobrado, em separado, “à parte”. Hoje, o texto sublinha o papel de João, evangelista e apóstolo de Jesus.

A tumba vazia não é o único fundamento da fé na ressurreição, mas é seu sinal. Parece que João conhecia a liturgia do templo, por isso resiste a entrar na sepultura. Para ele, os panos “enrolados” e colocados no “lugar” à parte são a Lei, e a Palavra que se fez carne em Jesus de Nazaré substitui o Templo.

A tumba vazia é um indicativo insuficiente para sustentar a fé na ressurreição de Jesus. Sua base é a experiência pessoal que o/a discípulo/a faz do encontro com Jesus ressuscitado. Mais tarde, Madalena chora diante da sepultura e “se inclina” para olhar. Vê anjos que a interrogam sobre sua dor, e só reconhece Jesus quando ele a chama pelo nome.

Depois de tê-lo desejado, buscado, conhecido e amado em vida, Maria precisa se inclinar para dentro de si mesma, na profundidade do seu desejo, para reconhecê-lo e amá-lo sem retê-lo. É ao voltarmo-nos para nossa interioridade que encontraremos o ressuscitado que nos ama, chama e envia.

O texto termina com reticências, como que nos convocando a entrar na cena como protagonistas, e a darmos um final adequado àquela manhã misteriosa. João, discípulo, apóstolo e escritor, cuja festa hoje celebramos, viu e acreditou. E deixou seu testemunho inscrito na vida e registrado no quarto evangelho. Aquilo que ele viu, experimentou e toucou, isso ele testemunhou.

Acreditaremos e viveremos em seu nome? Estaremos dispostos/as a ser semente que, caindo na terra e morrendo, não fica só, e se multiplica incrivelmente? É isso que queremos e decidimos? Daremos essa boa notícia a toda a humanidade? Será que entendemos o mistério do Natal, dinamismo de proximidade, de pobreza e de concretude de um amor sem limites?

 

Meditação:

·    Observe a teimosa inconformidade de Maria Madalena, suas buscas, suas intuições, mas também sua dependência do passado

·    Esta cena deixa o desfecho em aberto, como que nos convidando a assumir o protagonismo e dar-lhe um final adequado

·    Acreditaremos num fato ocorrido apenas no passado, ou daremos crédito à vida e à proposta de Jesus, fazendo-a nossa?

·    O que o testemunho de João sobre a ressurreição de Jesus significa para as famílias envolvidas nas guerras e doenças, ou enlutadas pelas mortes?

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