210 | Ano B | Festa de São João, Apóstolo e Evangelista | João 20,2-8
27/12/2023
A primeira
manifestação da ressurreição de Jesus se dá na visita de Madalena à sepultura.
Vendo a pedra afastada, Maria vai avisar os discípulos. O amigo de Jesus, que identificamos
com o apóstolo e evangelista João, é o primeiro a chegar. Vê a sepultura vazia
e as vestes, mas não entra. Pedro chega depois, entra na sepultura e vê o
sudário dobrado, em separado, “à parte”. Hoje, o texto sublinha o papel de
João, evangelista e apóstolo de Jesus.
A tumba vazia não
é o único fundamento da fé na ressurreição, mas é seu sinal. Parece que João
conhecia a liturgia do templo, por isso resiste a entrar na sepultura. Para
ele, os panos “enrolados” e colocados no “lugar” à parte são a Lei, e a Palavra
que se fez carne em Jesus de Nazaré substitui o Templo.
A tumba vazia é
um indicativo insuficiente para sustentar a fé na ressurreição de Jesus. Sua
base é a experiência pessoal que o/a discípulo/a faz do encontro com Jesus
ressuscitado. Mais tarde, Madalena chora diante da sepultura e “se inclina”
para olhar. Vê anjos que a interrogam sobre sua dor, e só reconhece Jesus
quando ele a chama pelo nome.
Depois de tê-lo
desejado, buscado, conhecido e amado em vida, Maria precisa se inclinar para
dentro de si mesma, na profundidade do seu desejo, para reconhecê-lo e amá-lo
sem retê-lo. É ao voltarmo-nos para nossa interioridade que encontraremos o
ressuscitado que nos ama, chama e envia.
O texto termina
com reticências, como que nos convocando a entrar na cena como protagonistas, e
a darmos um final adequado àquela manhã misteriosa. João, discípulo, apóstolo e
escritor, cuja festa hoje celebramos, viu e acreditou. E deixou seu testemunho
inscrito na vida e registrado no quarto evangelho. Aquilo que ele viu,
experimentou e toucou, isso ele testemunhou.
Acreditaremos e
viveremos em seu nome? Estaremos dispostos/as a ser semente que, caindo na
terra e morrendo, não fica só, e se multiplica incrivelmente? É isso que
queremos e decidimos? Daremos essa boa notícia a toda a humanidade? Será que
entendemos o mistério do Natal, dinamismo de proximidade, de pobreza e de concretude
de um amor sem limites?
Meditação:
· Observe
a teimosa inconformidade de Maria Madalena, suas buscas, suas intuições, mas
também sua dependência do passado
· Esta
cena deixa o desfecho em aberto, como que nos convidando a assumir o
protagonismo e dar-lhe um final adequado
· Acreditaremos
num fato ocorrido apenas no passado, ou daremos crédito à vida e à proposta de
Jesus, fazendo-a nossa?
· O
que o testemunho de João sobre a ressurreição de Jesus significa para as famílias
envolvidas nas guerras e doenças, ou enlutadas pelas mortes?
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