A meta da paz
Aqueles que empreenderem, através
dos gestos propostos, o caminho da esperança, poderão ver cada vez mais próximo
a tão desejada meta da paz. O Salmista confirma-nos nesta promessa: quando “a
verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão” (Sal 85,11). Quando me despojo da
arma do crédito e devolvo o caminho da esperança a uma irmã ou a um irmão,
contribuo para a restauração da justiça de Deus nesta terra e caminhamos juntos
para a meta da paz. Como dizia São João XXIII, a verdadeira paz só pode vir de
um coração desarmado da ansiedade e do medo da guerra.
Que 2025 seja um ano em que a paz
cresça! Aquela paz verdadeira e duradoura, que não se detém nas querelas dos
contratos ou nas mesas dos compromissos humanos. Procuremos a verdadeira paz,
que é dada por Deus a um coração desarmado: um coração que não se esforça por
calcular o que é meu e o que é teu; um coração que dissolve o egoísmo para se
dispor a ir ao encontro dos outros; um coração que não hesita em reconhecer-se
devedor de Deus e que, por isso, está pronto para perdoar as dívidas que
oprimem o próximo; um coração que supera o desânimo em relação ao futuro com a
esperança de que cada pessoa é um bem para este mundo.
Desarmar o coração é um gesto que
compromete a todos, do primeiro ao último, do pequeno ao grande, do rico ao
pobre. Por vezes, é suficiente algo simples como um sorriso, um gesto de
amizade, um olhar fraterno, uma escuta sincera, um serviço gratuito. Com estes
pequenos-grandes gestos, aproximamo-nos da meta da paz, e lá chegaremos mais
depressa quanto mais, ao longo do caminho, ao lado dos nossos irmãos e irmãs
reencontrados, descobrirmos que já mudámos em relação ao nosso ponto de
partida. Com efeito, a paz não vem apenas com o fim da guerra, mas com o início
de um mundo novo, um mundo no qual nos descobrimos diferentes, mais unidos e
mais irmãos do que poderíamos imaginar.
Concede-nos, Senhor, a tua paz!
Esta é a oração que elevo a Deus ao dirigir as minhas saudações de Ano Novo aos
Chefes de Estado e de Governo, aos Chefes das Organizações Internacionais, aos
líderes das diferentes religiões e a todas as pessoas de boa
vontade.
Perdoa-nos
as nossas ofensas, Senhor, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e,
neste círculo de perdão, concede-nos a tua paz, aquela paz que só tu podes dar para
aqueles que deixam o seu coração desarmado, para aqueles que, com esperança,
querem perdoar as dívidas aos seus irmãos, para aqueles que confessam sem medo
que são vossos devedores, para aqueles que não ficam surdos ao grito dos mais
pobres.
Vaticano,
8 de dezembro de 2024.
FRANCISCO
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