Eis o que Jesus ensina
e manda: “Dai-lhes vós mesmos de comer!” | 585 | 07.01.2025 | Marcos 6,34-44
Ontem
refletimos sobre o início da missão de Jesus, conforme Mateus. Hoje, Marcos nos
apresenta Jesus em plena missão, depois da volta dos discípulos, enviados anteriormente
por ele para um breve “exercício de missão”. Para escutar e avaliar a
experiência deles, Jesus os convida a um momento de sossego, em pleno deserto.
O povo, cansado e
abatido, vai atrás de Jesus e congestiona até o deserto. Vislumbra nele um
ensino que desperta a esperança adormecida e devolve a dignidade roubada. Jesus
pensara num momento sossegado para a formação dos discípulos, mas é
interrompido. Mas, em vez de se irritar, ele mostra sua compaixão!
Marcos diz que
Jesus se dedicou a ensinar a multidão até o entardecer. Anunciou-lhes o Reino
de Deus, o despontar de um horizonte de esperança e de dignidade para os pobres
e excluídos. E retomou a formação aos discípulos, especialmente sobre a questão
do despojamento dos bens, à partilha e à confiança em Deus.
Os discípulos não
conseguem assimilar a lógica de Jesus. Não conseguem imaginar nada fora do
sistema econômico dominante. Ficam assustados e discordam quando Jesus pede que
eles mesmos assumam a responsabilidade de alimentar os famintos. Ao enviá-los,
Jesus pedira que não levassem nem mochila e nem dinheiro, mas parece que eles
haviam levado uma e outra coisa.
O que então
acontece está totalmente fora da “lógica do mercado” e tem pouco a ver com
coisas sobrenaturais. Jesus apela àquilo que cada um possui e à capacidade
organizativa do povo. Ajunta aquilo que alguns escondiam e o faz chegar a
todos! O milagre é o triunfo da “economia do dom” e da partilha, como diz o
Papa Francisco.
Ele
é a Palavra que se fez carne, o enviado do Pai que que acolhemos na manjedoura.
Precisamos aprender dele a compaixão, ou seja: colocar a necessidade dos outros
acima das nossas. Sempre, em tudo, e de todas as formas, precisamos levar a
sério a ordem de Jesus: “Dai-lhes vós mesmos de comer!”
Meditação:
·
Releia o texto lentamente, detendo-se nos
personagens e nas palavras e nas ações deles, especialmente de Jesus
·
Jesus nos ensina que a evangelização
precisa ir além do ensino: se não desemboca na compaixão concreta, nas ações
palpáveis, não é Evangelho
·
Como se explica que os cristãos tenhamos
tanta dificuldade de superar a lógica do “cada um para si e deus por todos”?
·
Será que não cedemos definitivamente à
tentação de pensar apenas nas doutrinas e ritos corretos, e abandonar as
pessoas à própria sorte?
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