sábado, 4 de janeiro de 2025

Manifestação do Senhor

SIGAMOS A ESTRELA

Estamos muito habituados à história dos reis magos. Por outro lado, hoje dificilmente temos tempo para parar e contemplar lentamente as estrelas. Provavelmente não é apenas uma questão de tempo. Pertencemos a uma época em que é mais fácil ver a escuridão da noite do que os pontos luminosos que brilham no meio de qualquer escuridão.

No entanto, não deixa de ser comovedor pensar naquele escritor cristão que, ao escrever a história dos reis magos, os imaginou no meio da noite, seguindo a pequena luz de uma estrela. A narrativa respira a convicção profunda dos primeiros crentes após a ressurreição. Em Jesus cumpriram-se as palavras do profeta Isaías: «O povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz” (Isaías 9,1). Viviam numa terra de sombras, e uma luz brilhou diante dos seus olhos.

Seria ingênuo pensar que vivemos uma hora particularmente escura, trágica e angustiante. Não será precisamente esta escuridão, frustração e desamparo que captamos nestes momentos um dos traços que acompanham quase sempre o percurso do ser humano ao longo dos séculos?

Basta abrir as páginas da história. Sem dúvida encontramos momentos de luz em que se anunciam grandes libertações, se vislumbram mundos novos, abrem-se horizontes mais humanos. E então o que vem a seguir? Revoluções que criam novas escravidões, conquistas que provocam novos problemas, ideais que terminam em meias soluções, nobres lutas que terminam em pactos medíocres. De novo a escuridão.

Não é estranho que nos digam que ser homem é muitas vezes uma experiência de frustração. Mas não é essa toda a verdade. Apesar de todos os fracassos e frustrações, o ser humano volta a recompor-se, volta a esperar, volta a pôr-se em marcha em direção a algo. Há no ser humano algo que o chama uma e outra vez à vida e à esperança. Há sempre uma estrela que volta a brilhar.

Para os crentes, essa estrela conduz sempre a Jesus. O cristão não acredita em nenhum messianismo. E é por isso que também não cai em nenhum desencanto. O mundo não é um caso perdido. Não está em completa escuridão. O mundo está orientado para a sua salvação. Deus será um dia o fim do exílio e das trevas. Luz total. Hoje só o vemos numa humilde estrela que nos guia até Belém.

José Antônio Pagola

Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez

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