domingo, 8 de dezembro de 2013

Solenidade da Imaculada Conceição de Maria

ORAÇÃO À NOSSA SENHORA

Virgem e Mãe Maria, Vós que, movida pelo Espírito,
acolhestes o Verbo da vida na profundidade da vossa fé humilde,
totalmente entregue ao Eterno, ajudai-nos a dizer o nosso «sim» diante a urgência, mais imperiosa do que nunca, de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus.

Vós, cheia da presença de Cristo, levastes a alegria a João Batista, fazendo-o exultar no seio de sua mãe.
Vós, estremecendo de alegria, cantastes as maravilhas do Senhor.
Vós, que permanecestes firme diante da Cruz com uma fé inabalável, e recebestes a jubilosa consolação da ressurreição, reunistes os discípulos à espera do Espírito
para que nascesse a Igreja evangelizadora.

Alcançai-nos agora um novo ardor de ressuscitados para levar a todos o Evangelho da vida que vence a morte.
Dai-nos a santa ousadia de buscar novos caminhos para que chegue a todos o dom da beleza que não se apaga.

Vós, Virgem da escuta e da contemplação, Mãe do amor, esposa das núpcias eternas intercedei pela Igreja, da qual sois o ícone puríssimo, para que ela nunca se feche nem se detenha na sua paixão por instaurar o Reino.

Estrela da nova evangelização, ajudai-nos a refulgir com o testemunho da comunhão, do serviço, da fé ardente e generosa,
da justiça e do amor aos pobres, para que a alegria do Evangelho
chegue até aos confins da terra e nenhuma periferia fique privada da sua luz.

Mãe do Evangelho vivente, manancial de alegria para os pequeninos, rogai por nós. Amém. Aleluia!


Papa Francisco

A Palavra na vida

(Lc 1,26-38) Lucas recorre ao esquema comum a tants outras anunciações que encontramos na Bíblia. Pouco importa como os fatos aconteceram concretamente: Lucas nos conta desse jeito. E nos impressiona. Deus não escolhe a mulher do Imperador, do Prêmio Nobel de Medicina ou uma mulher alta executiva dos nossos dias, mas a pequena e bela adolescente Mariam. Pede que ela seja a porta de ingresso de Deus no mundo. O que você diria se na manhã de hoje sua filha ou sua sobrinha adolescente chegasse dizendo: “Deus me pediu que o ajude a salvar o mundo”? Pois é isso que Maria descobre e acredita, e nós não sabemos se devemos rir ou bater a cabeça diante de tamanha inconsciência. Ficamos transtornados diante da simplicidade deste diálogo, de uma filha de Sion que fala de igual para igual com o Absoluto, que lhe pede explicações e aclaramentos. Escolher Nazaré, uma vila ocupada pelo Império Romano, nos confins da história, nas margens da geografia e do tempo, numa época desprovida de meios de comunicação, para encarnar-se nos revela mais uma vez a lógica de Deus: uma lógica baseada no essencial, no mistério, na profecia, na verdade de si, nos resultados imprevistos e desconcertantes. (Paolo Curtaz, Parola & Preghiera, dezembro/2013, p. 54)

sábado, 7 de dezembro de 2013

A Palavra na vida

(Mt 9,35-10,1.6-8) Eis aqui mais uma vez a compaixão de Deus que vê o sofrimento da multidão, cansada e abatida como ovelhas sem pastor. Como nós, que hoje estamos rodeados de gurus e oportunistas, prontos a vender nossa alma ao primeiro charlatão que passar, desde que nos ofereça uma miserável esperança, acenda uma chama ou nos indique uma direção, mesmo que seja ilusória: continuamos a passar de uma desilusão a outra, frequentemente chamuscados por ábeis vendedores de sonhos. Também na Igreja corremos o risco de seguir o primeiro líder carismático que aparece, sem aprofundar nossa fé, sem mergulhar na meditação da Palavra, sem confronto com o carisma do magistério. E diante das multidões a compaixão de Jesus se transforma em ação, e ele inventa a Igreja! Somos nós a resposta de Jesus às dores do mundo. É a Igreja o rosto misericordioso que a pessoa humana encontra. Deus corre o risco absurdo de confiar-se às nossas mãos frágeis, à nossa voz fraca, à incoerência das nossas pastorais. Deus confia em nós, somos nós sua resposta às dores do mundo e à busca de sentido de cada ser humano. É isso que devemos ser de novo e recomeçar a fazer. Sem meia-palavras, sem atalhos fáceis, voltando a ser consolação de Deus para o ser humano concreto que hoje encontramos no nosso caminho. (Paolo Curtaz, Parola & Preghiera, dezembro/2013, p. 46)

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

A Palavra na vida

(Mt 9,27-31) Somos cegos/as, Senhor. Não vemos nada que esteja além do nosso nariz. Não somos capazes de reconhecer tua presença e tua ação neste mundo. Somos cegos/as, Senhor! Não vemos a luz, mas somente e sempre o negativo e o escuro em nós e ao nosso redor. Somos cegos/as incapazes de ler à luz da fé aquilo que está acontecendo no nosso tempo. Somos cegos/as e não conseguimos ver o irmão que sofre ao nosso lado. Preferimos virar o rosto, sacudir os ombros, desobrigando-nos de compreender e de intervir, se possível. E agora tu nos convidas a te seguir na tua casa que é a Igreja, aquela que quiseste e não essa caricatura na qual a transformamos. A Igreja dos santos e dos mártires, a Igreja do fogo e da paixão, do horizonte e do coração que vão muito mais além dos obstáculos. Nesta casa nós reencontramos a visão, nela somos curados/as para poder dizer a todo ser humano que a luz existe, que devemos simplesmente abrir os olhos para vê-la. Neste tempo de advento de novo elevemos nossa prece a Deus. Peçamos-lhe com força a insistência a cura, porque sempre e para sempre necessitamos ser iluminados/as... (Paolo Curtaz, Parola & Preghiera, dezembro/2013, p. 40)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A Palavra na vida

(Mt 7,21.24-27) Sobre que tipo de fundamento estamos construindo nossa casa? Sobre a areia das opiniões e interesses do mundo ou sobre a rocha imutável da Palavra de Deus? Muito frequentemente somos arrastados pelas coisas que temos que fazer, e damos por absolutas uma série de verdades que nem mesmo verdades são. E é a lei do menor esforço e da maior vantagem que acaba estabelecendo nossas prioridades, nossos sonhos e nossos humores. Ah, se tivéssemos a coragem de levar a sério o Evangelho, de colocá-lo como fundamento das nossas escolhas cotidianas!... Se nos perguntássemos, antes de uma escolha, o que faria Jesus em nosso lugar, e se pedíssemos ao Espírito Santo que inspire e guie nosso discernimento!... As nossas casas são frágeis, e elas constróem bairros frágeis, que formam cidades frágeis e uma cultura frágil, baseada nas opiniões, nas emoções, na area, na parte sombria que existe em cada um de nós. Basta um simples sopro contrário para fazer tremer nossas opiniões e mudar nossas perspectivas. Somos reféns do senso comum, às vezes incapazes de ter uma visão pessoal. Coloquemo-nos de verdade na escola do Evangelho! E deixemos a Palavra de Deus avaliar e guiar nossas escolhas e oferecer um juízo credível e definitivo sobre o mundo... Quando sentirmos nossos passos vacilarem, Senhor, coloca no nosso caminho a rocha da tua Palavra. Ela guarda tua Promessa, tua Fidelidade, teu Amor. Então caminharemos seguros, sem medo, confiantes de que nos conduzirás à tua Paz. Amém! (Paolo Curtaz, Parola & Preghiera, dezembro/2013, p. 34-35)

Imaculada Conceição de Maria

Imaculada Conceição de Maria: muito mais que pureza!

Em meio à caminhada do Advento, a festa da Imaculada Conceição de Maria nos lembra que a humildade, a escuta e a fé na ação misericordiosa e libertadora de Deus são atitudes que levam à vida feliz. O segredo da felicidade não está na posse ou no consumo de bens, nem na fama ou no sucesso que alcançamos ou no poder de atração que exercemos, mas na abertura humilde e profunda aos outros, ao futuro e a Deus. O fechamento orgulhoso em si mesmo e o apego doentio ao presente não são caminhos de crescimento, mas sinais de que a pessoa e a sociedade estão doentes.
Lucas nos apresenta Maria como uma mulher que sabe ouvir a Palavra viva de Deus e que está pronta a dar o melhor de si para que essa Palavra se realize na história. Isabel proclama que Maria é alguém que ousou acreditar na força da Palavra e na fidelidade daquele que a pronuncia. Obviamente, não se trata de uma palavra escrita na Bíblia, mas de uma mensagem eloquente, escrita nos acontecimentos. Mas, no belo poema atribuído a Maria e conhecido como Magnificat, a mãe de Jesus e nossa aparece também como uma pessoa humilde e humilhada.
A humildade, a escuta e a fé estão intrinsecamente relacionadas e são as marcas fundamentais da personalidade de Maria. Se Deus pôde realizar grandes coisas nela e através dela é porque encontrou a indispensável base humana já preparada. Por isso, não fazemos bem quando idealizamos e espiritualizamos Maria, pois corremos o risco de desumanizá-la completamente, tirando-a da história. Para fazer-se humano o Filho de Deus precisa de pessoas fundamentalmente humanas, e não de criaturas angélicas!
O Evangelho diz que, depois da profunda experiência de ser amada e de receber a vocaço de dar à luz aquele que é a Luz do mundo, Maria vai apressadamente à casa de Isabel. Busca um sinal que possa confirmar a parceria de Deus com os humildes e sua aliança com os pobres. Ela já havia dado sua palavra Àquele que é capaz de fazer grandes coisas em favor do povo humilhado, mas nem tudo estava claro. A discípula se faz serva, a serva se mostra peregrina, e a peregrina sai em busca da hospitalidade e do discernimento na casa de Isabel.
Na casa da sua velha parenta, escondida entre as montanhas e vales que circundam Jerusalém, enquanto Zacarias permanece mudo e à margem de tudo, duas mulheres louvam a Deus e profetizam. A discípula, serva e peregrina se transforma em profetiza destemida. Contemplando sua própria história e a epopéia do seu povo, Maria percebe e proclama a intervenção libertadora de Deus: ele dispersa os soberbos, derruba os poderosos, eleva os humildes e oprimidos, socorre seu povo e estende sua misericórdia a todas as gerações.
Neste encontro entre Maria e Isabel, preparado e celebrado às margens do poder e da badalação, o corpo festeja e é festejado. É bendito o corpo feminino de Maria, assim como bendito é o corpo que ela carrega no ventre. Bendito é o corpo de Isabel, capaz de perceber a incontida alegria daquele que preparará a estrada para a chegada do Messias, e bendito é o corpo dos mártires de todos os tempos. Bendito é também o corpo dos humilhados e dispensados pelos sistemas fechados, mas desde sempre destinados por Deus ao brilho.
A festa da Assunção de Maria sublinha de forma contundente a dignidade do corpo, de todos os corpos. Mas é uma proclamação da dignidade especialmente dos corpos humilhados por uma cultura que os transforma em meios de produção, em objetos que podem ser vendidos e comprados, em produtos expostos nas vitrines e passarelas, sem brilho e sem beleza. É também o reconhecimento da beleza e da nobreza dos corpos doentes e envelhecidos pelo tempo, assim como do corpo eclesial dos muitos e diferentes membros.
Maria de Nazaré, de Belém e de Jerusalém! Tu és mulher, mãe e companheira em todos os caminhos e aventuras que geram e dão à luz mundos, homens e mulheres novos. Então, acompanha-nos neste tempo de preparação para o Natal do teu filho, ensinando-nos a sonhar caminhos que nos levem a mudanças profundas, tanto no nível pessoal como no âmbito eclesial e social. Ajuda-nos a perceber que simples arranjos exterrnos e mudanças de fachada apenas enganam e prejudicam o radical dinamismo de reconciliação que teu filho nos confiou como herança e missão. Assim seja! Amém!

Pe. Itacir Brassiani msf
(Gênesis 3,9-15.20 * Salmo 97 (98) * Carta aos Efésios 1,3-6.11-12 * Lucas 1,26-38)

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A Palavra na vida

(Mt 10,21-24) O Deus que nasceu, o Deus que ainda deve nascer e renascer na nossa vida é o Deus que se compadece diante da dor e da doença. Não é o Deus ascético e indiferente que, do alto da sua perfeição, contempla chateado o destino dos homens e os julga com severidade. O Deus de Jesus age e cura, restitui saúde e dignidade, alarga os horizontes, cria novos dinamismos entre as pessoas. É ele que intervém, é ele que muda, é ele que transforma. E que pede também a nós uma mudança, uma conversão. Por exemplo, mudar nossa idéia de Deus. De um Deus que resolve sozinho os problemas matando a fome da multidão a um Deus que pede a cada um/a de nós, a todos/as, colocar em jogo aquilo que somos e temos para matar a fome do povo. Como é difícil acreditar num Deus que que nos pede uma mão!... Agrada-nos mais um Deus que intervém sozinho para resolver os problemas que o nosso próprio egoísmo provoca... Acolhamos o Deus de Jesus com seriedade. Deixemos de invocá-lo como alguém que resolve os problemas em nosso lugar ao invés de nos ajudar a encará-los responsavelmente. E lancemos no prato comum aquele pouco que somos, para que a nossa generosidade sacie tantos corações famintos... (Paolo Curtaz, Parola & Preghiera, dezembro/2013, p. 28)

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A Palavra na vida

(Mt 10,21-24) Felizes nossos olhos que vêm, felizes nossos ouvidos que ouvem, felizes nossas vidas que sabem. A felicidade extraordinária de sermos cristãos, de termos recebido e acolhido a mensagem cristã está hoje no centro do nosso dia, da nossa reflexão. Estamos na caminhada do advento para acolher mais uma vez o extraordinário anúncio da encarnação, para fazermo-nos berço, para acolher mais uma vez o inaudito de Deus. Já somos cristãos, mas jamais o somos definitivamente, nunca o somos para sempre. Por isso temos necessidade do advento, por isso levamos muito a sério este caminho: para combater o demônio do hábito e a arrogância de quem já se sente em casa. Felizes os nossos olhos se vêm, e os nossos ouvidos se ainda escutam. E as nossas mãos se ainda tocam. Felizes porque isso significa que nos fizemos pequenos, a ponto de podermos acolher a pequenez de Deus que se entrega aos pobres de coração, aos modestos, àqules/as que o mundo sempre considera inapropriados/as. Felizes porque tomamos consciência do grande dom que recebemos: podermos viver como filhos/as de Deus. E sê-los de verdade. Com este espírito descobrimos o que somos. (Paolo Curtaz, Parola & Preghiera, dezembro/2013, p. 22)

A Palavra na vida

(Mt 8,5-11) Do oriente e do ocidente, de onde não se espera chegam aqueles que crêem. Fora dos circuitos, fora do mundo judaico. O Advento nos prepara mais uma vez à surpresa de um Deus que se faz acessível, que vem para deixar-se encontrar. Um Deus que é reconhecido exatamente por aqueles que todos pensavam que estavam longe da fé. Um Deus encontrável por quem, como o centurião romano, tem um coração às necessidades do seu empregado e o trata como se fosse um filho. A fronteira entre quem crê e quem não crê não passa mais pelas questões de raça ou de etnia, mas se mostra nas atitudes. Jesus elogia e propõe como exemplo a fé do inimigo histórico, do adversário opressor. Assim, rompe os estereótipos, alarga os horizontes, obriga a repensar o próprio conceito de pertença a uma religião. Iniciou, amigos e amigas, o Advento, o tempo que nos desafia a perguntarmo-nos o que nos faz verdadeiramente crentes. Neste tempo novo, tempo de sair do pântano dos hábitos arraigados e das muitas coisas dadas por descontadas, estejamos atentos/as a não sentirmo-nos demasiadamente em casa, católicos/as de longa experiência, crentes por tradição e hábito. O tempo novo que estamos vivendo nos chama a estar alertas, a redescobrir seriamente a nossa fé. Tomemos a sério o modelo do centurião pagão... Senhor Jesus, filho de Deus, assumindo a nossa humanidade te dignaste entrar na nossa vida. Não tiveste medo da nossa fraqueza. Não tiveste receio da fragilidade da nossa carne. Vem morar no meio de nós. Vem purificar nosso coração. Vem nos libertar do pecado. Vem, Senhor Jesus, vem nos salvar! (Paolo Curtaz, Parola & Preghiera, dezembro/2013, p. 36-37)

domingo, 1 de dezembro de 2013

A Palavra na vida

(Mt 24,37-44) São quatro as semanas que nos preparam para o Natal. Uma espécie de arca de salvação que nos é dada para desenvolver um pouquinho de consciência. Um mês para preparar um bercinho para Deus, mesmo que seja numa estrebaria... Jesus já nasceu na história e voltará na glória. Mas agora ele quer nascer em nós. Porque podemos celebrar cem natais sem que ele jamais tenha nascido em nós... Como disse explendidamente Dietrich Bonhoeffer: “Ninguém possui Deus de modo tal a não precisar mais esperá-lo. E também não poderia esperá-lo se não soubesse que o próprio Deus o esperou longamente”. O trecho do evangelho de hoje é um pouco difícil e obscuro, e corre o risco de ser lido numa perspectiva grotesca. Mas Jesus, como sempre, é extraordinário: cita os eventos simbólicos de Noé, diz que em torno dele um monte de gente foi arrastada pelo dilúvio sem mesmo se dar conta. Por isso, ele nos convida a vigiar, a estar acordado, como pede também Paulo escrevendo aos Romanos. E Jesus adverte: um é levado, outro é deixado; um encontra Deus, outro não... Deus é discreto, modesto, quase tímido, não impõe a sua presença, como a brisa da tarde é a sua vinda. A nós, pede que abramos amplamente as portas do coração, que abramos bem os olhos, que deixemos emergir o desejo, pedindo que sejamos levamos... Na noite da história, Senhor Jesus, tu nos puseste como sentinelas para que, com o olhar da fé, possamos perceber a luz do teu Dia que está clareando. Dá-nos a perseverança na espera e um coração vigilante, que saiba discernir os sinais da tua vinda e anunciá-los como presença e cumprimento. Amém! (Paolo Curtaz, Parola & Preghiera, dezembro/2013, p. 30-31)