O seguimento de Jesus pede lucidez e renúncias
829 | 07 de setembro de 2025 | Lucas 14,25-33
A ligação desta cena com a anterior
parece ser as desculpas da elite religiosa e econômica para não aceitar o
convite à festa do Reino: “Acabei de casar e, por isso, não posso ir; comprei
um campo, e preciso ir vê-lo; comprei cinco juntas de boi, e vou
experimentá-las”. Os interesses individuais parecem ser álibi suficiente para
não se engajar na obra de Deus e não participar daquilo que é bem comum.
Diante de uma relativa multidão que
manifesta interesse por ele, Jesus volta a enfatizar a prioridade do Reino de
Deus sobre vínculos familiares e interesses pessoais, pedindo que cada um
avalie os riscos e as exigências da opção de segui-lo, a fim de “não fazer
feio” e “cair fora” logo depois de ter iniciado com entusiasmo.
Para deixar isso bem claro para todos
os seus ouvintes, Jesus recorre a duas parábolas: a primeira fala do
planejamento para a construção de uma torre; a segunda se refere à preparação dos
soldados para uma batalha. Em ambos os casos, o sujeito em questão deve
analisar bem os recursos e forças que dispõe, fazer os cálculos e concluir se
consegue ou não levar a obra ou a luta até o fim.
Jesus já havia advertido seus
discípulos sobre o risco de sofrer uma morte violenta e ignominiosa, inclusive
em nome da religião. É como se no episódio de hoje ele quisesse dizer aos
candidatos a discípulo: segui-lo é uma decisão muito comprometedora. Usando um
ditado popular, não se trata de entrar na omelete como entra a galinha (dando
os ovos) mas como participa o porco (dando a carne).
É claro que, com essas parábolas,
Jesus não pretende desencorajar os discípulos. O que ele quer é advertir-nos
que não é possível aderir ao Reino de Deus pela metade, que não podemos
iludir-nos com a possibilidade de servir a dois senhores, que a perseverança
pressupõe uma decisão lúcida e consciente, que precisa sempre contar com as
renúncias e riscos.
Lucas conhecia a inconstância e os
sinais de retrocesso das comunidades diante das dificuldades que estavam
enfrentando. O núcleo dos perigos era o apego às riquezas, das quais a família
patriarcal era um dos elos importantes. Mas o questionamento de Jesus também
nos faz refletir sobre um cristianismo vivido no oba-oba.
Sugestões para a
meditação
§ A
maioria de nós iniciou a caminhada da fé cristã sem reflexão e consciência
sobre as exigências que ela comportaria
§ O
que tínhamos presente era apenas um conjunto de obrigações e proibições de
ordem moral, que não tocavam nos bens
§ Hoje,
com a aguda consciência que temos, precisamos renovar essa opção avaliando bem
os custos e as nossas possibilidades
§ O
que é que está nos pressionando mais e tornando menor nossa adesão ao
Evangelho, dificultando a nossa perseverança?
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