segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Jesus e sua família

A prática do Evangelho nos insere na família de Jesus

845 | 23 de setembro de 2025 | Lucas 8,19-21

Como já percebemos, os três versículos de hoje estão inseridos numa seção literária maior, na qual Jesus sublinha a importância de ouvir corretamente o Evangelho do Reino. Noutros textos ele sublinha que escutar a Palavra de Deus implica em guardá-la, praticá-la, fazê-la frutificar na vida (cf. 6,46-49; 11,27-28).  Esta palavra de Deus compreende o conjunto do antigo testamento, assim como a vida e o ensinamento de Jesus. Neste sentido, Maria já fora apresentada pelo evangelista como a ouvinte e servidora exemplar da Palavra de Deus.

No breve texto de hoje, Lucas nos informa que Jesus está ensinando seus discípulos e o povo, e que sua mãe e seus irmãos se aproximam dele, mas não conseguem chegar perto por causa da multidão. Podemos imaginar que também eles, especialmente a mãe, querem ouvi-lo e aprender como acolher a novidade revolucionária do Reino de Deus. Então, um mensageiro avisa Jesus da chegada dos seus familiares.

“Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e querem te ver”, diz o mensageiro a Jesus. Sem ressentimento em relação a ninguém, e mostrando profundo apreço àqueles que o circundam e escutam, Jesus dá uma resposta um pouco estranha, com aparência de desprezo à sua própria mãe. Ele afirma claramente que seus irmãos e sua mãe são as pessoas que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática. É a escuta e a prática do Evangelho do Reino que cria e sustenta a relação com ele.

Os discípulos são sua grande e nova família, e a escuta e a prática da Palavra de Deus é o dinamismo que a congrega. Para Jesus, as exigências dessa Palavra são claras: relacionamento fraterno e igualitário; perdão recíproco; prioridade aos pequenos; superação dos estreitos laços de sangue, de nação e de etnia. Não é possível ser discípulo e ignorar ou menosprezar estes imperativos.

Jesus não se deixa prender por laços de sangue, nem cai na tentação de formar guetos ou seitas fechadas. Ele propõe uma mudança profunda e total nas relações humanas, sociais, espirituais e políticas, e nem as relações familiares ficam de fora. Também a família deve entrar na lógica do reino de Deus. É claro que podemos imaginar, sem perder o foco, que Maria e os parentes que a acompanham se agregarão, pouco a pouco, ao círculo daqueles que “ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”. Mas, não esqueçamos: os laços de sangue não estão acima do vínculo de fé.

 

Sugestões para a meditação

§ Retome a breve cena oferecida por Lucas, procurando interagir com os personagens: a mãe e os irmãos de Jesus; o mensageiro; a atitude e a palavra de Jesus; o olhar atento e agradecido dos discípulos que o circundam

§ Como você vive concretamente a relação entre os vínculos familiares e os vínculos com Jesus e com a comunidade?

§ Como está a escuta e a prática – sua, da sua família e da sua comunidade – da Palavra de Deus, especialmente neste mês?


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