A prática do Evangelho nos insere na família de Jesus
845 | 23 de setembro de 2025 | Lucas 8,19-21
Como já
percebemos, os três versículos de hoje estão inseridos numa seção literária
maior, na qual Jesus sublinha a importância de ouvir corretamente o Evangelho
do Reino. Noutros textos ele sublinha que escutar a Palavra de Deus implica em
guardá-la, praticá-la, fazê-la frutificar na vida (cf. 6,46-49; 11,27-28). Esta palavra de Deus compreende o conjunto do
antigo testamento, assim como a vida e o ensinamento de Jesus. Neste sentido,
Maria já fora apresentada pelo evangelista como a ouvinte e servidora exemplar
da Palavra de Deus.
No breve texto de hoje, Lucas nos
informa que Jesus está ensinando seus discípulos e o povo, e que sua mãe e seus
irmãos se aproximam dele, mas não conseguem chegar perto por causa da multidão.
Podemos imaginar que também eles, especialmente a mãe, querem ouvi-lo e
aprender como acolher a novidade revolucionária do Reino de Deus. Então, um
mensageiro avisa Jesus da chegada dos seus familiares.
“Tua mãe e teus irmãos estão aí
fora e querem te ver”, diz o mensageiro a Jesus. Sem ressentimento em relação a
ninguém, e mostrando profundo apreço àqueles que o circundam e escutam, Jesus
dá uma resposta um pouco estranha, com aparência de desprezo à sua própria mãe.
Ele afirma claramente que seus irmãos e sua mãe são as pessoas que ouvem a
Palavra de Deus e a põem em prática. É a escuta e a prática do Evangelho do
Reino que cria e sustenta a relação com ele.
Os discípulos são sua grande e nova
família, e a escuta e a prática da Palavra de Deus é o dinamismo que a
congrega. Para Jesus, as exigências dessa Palavra são claras: relacionamento
fraterno e igualitário; perdão recíproco; prioridade aos pequenos; superação
dos estreitos laços de sangue, de nação e de etnia. Não é possível ser discípulo
e ignorar ou menosprezar estes imperativos.
Jesus
não se deixa prender por laços de sangue, nem cai na tentação de formar guetos
ou seitas fechadas. Ele propõe uma mudança profunda e total nas relações
humanas, sociais, espirituais e políticas, e nem as relações familiares ficam
de fora. Também a família deve entrar na lógica do reino de Deus. É claro que
podemos imaginar, sem perder o foco, que Maria e os parentes que a acompanham
se agregarão, pouco a pouco, ao círculo daqueles que “ouvem a palavra de Deus e
a põem em prática”. Mas, não esqueçamos: os laços de sangue não estão acima do
vínculo de fé.
Sugestões para a
meditação
§ Retome a
breve cena oferecida por Lucas, procurando interagir com os personagens: a mãe
e os irmãos de Jesus; o mensageiro; a atitude e a palavra de Jesus; o olhar
atento e agradecido dos discípulos que o circundam
§ Como você
vive concretamente a relação entre os vínculos familiares e os vínculos com
Jesus e com a comunidade?
§ Como está a
escuta e a prática – sua, da sua família e da sua comunidade – da Palavra de
Deus, especialmente neste mês?
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