Uma experiência de catolicidade e de unidade
Entre os dias 3 e
11 de setembro tive a oportunidade de participar da semana de encontro e
estudos que a igreja católica organiza em Roma para os bispos que foram ordenados
nos últimos 12 meses. Éramos mais de 190 bispos provindos do mundo inteiro,
divididos em dois grupos: um, reunindo os bispos que atuam no continente
americano e europeu (inclusive alguns bispos de igrejas ortodoxas e 14 novos
bispos do Brasil); o outro, agrupando basicamente bispos oriundos da África, da
Ásia e da Oceania.
Para além dos
ricos e oportunos temas refletidos, esta foi uma experiência que possibilitou “tocar
com a mão” a diversidade e a catolicidade da Igreja. Ouvir a experiência dos
bispos e os desafios de Igrejas particulares da Rússia, da França, da Etiópia, da
Escócia, das Ilhas Fuji, da Indonésia e da Venezuela, para citar apenas alguns
países, é algo que não costuma ocorrer com frequência. Conviver e partilhar
buscas e esperanças de igual para igual, não obstante os limites de idioma, é
uma graça especial.
Três momentos
foram particularmente especiais. O primeiro foi a celebração eucarística na
Basílica de São Pedro, concluída com a visita ao túmulo de São Pedro. Este
sinal visível de comunhão com a sede da Igreja Católica, com o passado humilde
e eloquente dos apóstolos que lançaram as bases da vida cristã, emociona e
compromete. Levei comigo junto aos restos mortais de São Pedro o povo da
diocese de Santa Cruz, especialmente as pessoas mais vulneráveis, os padres, os
diáconos e as demais lideranças.
Um segundo
momento particularmente tocante foi a celebração de canonização dos jovens
Pedro Jorge Frassatti (1901-1925) e Carlo Acutis (1991-2006). Presenciar a
proclamação solene da Igreja de que estes jovens, não obstante os poucos anos
de vida, chegaram à maturidade humana e cristã e são referências sólidas para
todas as gerações, é fonte de imensa alegria e sincera gratidão. Neles os
jovens de hoje podem encontrar estímulo e orientação para unir fé e vida, vida
eclesial e compromisso social.
Um terceiro
momento especial foi o encontro coletivo dos novos bispos com o Papa Leão XIV.
Mais que poder apertar a mão e receber a bênção pessoal daquele que é sinal
visível de unidade da Igreja católica, apreciei a oportunidade de diálogo com
ele, de apresentar questões e ouvir suas ponderações. De fato, depois de uma
breve reflexão de pouco mais de maia hora, o Papa dialogou conosco por mais de
uma hora, respondendo às nossas perguntas e aconselhando, sempre com muita
humanidade, simplicidade e bom humor.
Animado e
confirmado por essas experiências, e também com a ajuda das diversas palestras
de expoentes da Igreja (diversos bispos e cardeais, inclusive três que eram
considerados “papáveis”), volto com algumas convicções que estarão presentes no
exercício do ministério que a Igreja me confiou. Partilhando essa vivência,
desejo agradecer a Deus a oportunidade, reforçar os vínculos com o povo que
vive na Diocese de Santa Cruz e renovar meu compromisso de pastorear sempre movido
pela esperança.
Dom Itacir Brassiani msf
Bispo Diocesano de Santa Cruz do Sul
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