Jesus inaugura ares e horizontes de liberdade
824 | 02 de setembro de 2025 | Lucas 4,31-37
Depois da estreia aparentemente malsucedida em
Nazaré, Jesus deixa sua terra natal e volta a Cafarnaum, onde já havia atuado e
causara forte impressão. Como pregador itinerante, ele prioriza o ensino aos
sábados, nas sinagogas, que são lugares de encontro do povo que vive nas
aldeias e pequenas cidades. Na sinagoga ele crescera e aprendera, mas também
testemunhara a hipocrisia dos líderes religiosos.
As sinagogas são o lugar da Palavra, um espaço
controlado de modo quase absoluto pelos doutores da lei e pelos fariseus. E é
ali, em dia de sábado, que Jesus realiza o primeiro sinal, ou milagre, narrado
por Lucas. E é também ali, e por causa desse sinal, que Jesus começa a ser
hostilizado pelos líderes religiosos, e onde ressoa pela primeira vez a
pergunta: “Que palavra é essa? Quem é esse homem?”
O primeiro sinal miraculoso realizado por Jesus,
que faz parte do seu ministério de emancipação e libertação das pessoas
dominadas pelas forças que oprimem e escravizam, é a cura de uma pessoa
dominada por um “espírito impuro”. Trata-se de uma pessoa despersonalizada, de
alguém que perdeu sua identidade e é conduzida por poderes e forças
misteriosas, exteriores a si mesma.
A cena narrada por Lucas deixa transparecer uma
luta de mensagens ou uma disputa de espaços entre o Ungido pelo Espírito e os
Doutores da Lei. No grito do homem doente não ecoa a sua alma; o que ressoa é a
percepção e a voz dos doutores da lei: “Viestes para nos destruir?” A reação do
povo é a admiração diante de uma palavra eficaz e libertadora, de uma palavra
que tem autoridade.
O Evangelho da misericórdia e da compaixão de Deus
cala a voz dos defensores de uma lei que discrimina e condena. Jesus não vem
insistir no cumprimento da lei e no pagamento das dívidas contraídas pelo
pecado, mas anunciar e inaugurar um tempo de graça e compaixão. E é isso que
incomoda a elite religiosa e impressiona e causa admiração e esperança no povo
cansado e abatido.
Grande notícia e belo
desafio para os discípulos missionários é este: experimentar, anunciar e
testemunhar a boa e alentadora notícia. A resposta de fé suscitada pelo
encontro com Jesus não se reduz ao culto e ao louvor, mas pede um engajamento
cotidiano na tarefa de libertar os irmãos e irmãs e fazer este mundo melhor.
Sugestões para a
meditação
§ Sua
compreensão sobre o Evangelho do Reino é essa de Jesus: uma boa notícia
libertadora para todos os tipos de vítima?
§ Qual
é o lugar e a força de transformação que o Evangelho, a Boa Notícia de Jesus,
tem na sua vida?
§ O
que o Evangelho de Jesus provoca em você: admiração e entusiasmo ou medo e
inquietação?
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