Enviados para testemunhar o Reino de Deus
846 | 24 de setembro de 2025 | Lucas 9,1-6
Hoje
somos convidados a meditar o episódio do envio missionário do “grupo dos doze”.
Estamos diante da crônica de uma nomeação solene, onde cada nome é citado com
ênfase. Isso acontece pouco antes de Jesus iniciar sua peregrinação a
Jerusalém, e sabemos que, entre o chamado (cf. 5,1-12) e o envio dos
discípulos, Jesus se dedica à formação diligente daqueles que doravante o
precederiam e u representariam.
Lucas não nos apresenta
propriamente o conteúdo doutrinal da
missão, nem uma descrição pormenorizada das atividades, mas nos oferece uma
espécie de “estatuto da missão” e descreve o estilo de vida daqueles que Jesus
envia à sua frente. O foco da missão é claramente pressuposto: o anúncio do
Reino de Deus, mostrando através de ações e sinais (curas e exorcismos) que
Deus chega para nos libertar de todas as escravidões. Jesus envia seus
escolhidos para fazer o mesmo que ele faz, e é ele o responsável por essa
iniciativa.
Quanto ao estilo de vida dos missionários, Jesus
enfatiza alguns poucos elementos: eles devem ir a todo canto, fronteira ou
periferia, sem demora e sem exclusões ou omissões; não devem levar nada em
termos de apoio poderoso e ostensivo, e confiar plenamente na hospitalidade dos
interlocutores; não devem esperar sucesso ou reconhecimento pela missão
realizada; precisam contar com a incompreensão e a rejeição; por fim, precisam
manter-se desapegado e livre de tudo.
Sem prometer
facilidades nem prosperidade a quem é enviado em seu nome, Jesus assegura,
entretanto, a mesma força e o mesmo dinamismo que sustenta ele mesmo na missão
que Pai lhe confiou. Lucas chama este dinamismo de poder e autoridade. Mas se trata de força e autoridade que brotam
da fidelidade e da coerência de vida, e têm como finalidade anunciar o Evangelho
do Reino de Deus, acolher, curar e libertar com eficácia, como faz o próprio.
Não é da espécie de poder ou autoridade para mandar ou dominar ninguém!
O despojamento que Jesus pede dos seus enviados não significa
desprezo pelos bens materiais ou recursos culturais e tecnológicos, mas reforça
a necessidade de focalizar tudo no anúncio e no testemunho das novas relações suscitadas
pelo reino de Deus. Jesus também deixa claro que não nos envia para multiplicar
louvores e invocações, para simplesmente purificar o coração, nem para ensinar
doutrinas e impor uma certa moral. No início, na meta e na prática da missão
estão o anúncio de um novo tempo, e essa nova era chamada Reino de Deus, é
antecipada pelo testemunho.
Sugestões para a
meditação
§ Coloque sua
experiência de vida eclesial e social, aquilo que você faz, sob a luz desse
envio de Jesus
§ Em que
consiste sua prática missionária? Qual é o conteúdo e quais são os gestos? Eles
traduzem uma boa notícia aos pobres e sofredores?
§ Como está
sua confiança na hospitalidade daqueles a quem você é enviado em missão?
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