É o uso solidário que lava o dinheiro da sua sujeira
843 | 21 de setembro de 2025 | Lucas 16,1-13
A
parábola do evangelho que meditamos hoje coloca em evidência um administrador
acusado de esbanjar os bens do patrão e, por isso, ameaçado de demissão. Ciente
de que não está preparado para assumir outro trabalho, e recusando-se a pedir
esmolas, o administrador age com esperteza e rapidez: altera, em favor dos
devedores, o montante de algumas contas.
Com
isso, ele acaba prejudicando mais ainda seu patrão. Mas o que surpreende e é
paradoxal é que a esperteza desonesta do administrador é elogiada pelo patrão
(e, talvez, pelo próprio Jesus). Há quem explique essa situação embaraçosa levantando
a hipótese de que o desconto dado pelo administrador corresponderia aos juros
iníquos cobrados pelo credor ou à comissão à qual o administrador teria
direito.
Mas será que Jesus
não está propondo outra mensagem, semelhante àquela do pai que gasta sem
critérios para acolher e restabelecer a dignidade do filho que havia caído ao
degrau mais baixo do inferno social? A questão fundamental não seria como usar
de forma evangelicamente correta os bens, as honras e o prestígio? Jesus enfatiza
que somos administradores de bens que não nos pertencem e que, frente ao valor
do Reino de Deus, o dinheiro é coisa de pouco valor e radicalmente injusta.
O administrador
aparentemente desonesto é elogiado porque evita ser amigo do dinheiro (como o
eram os fariseus) e se mostra amigo das pessoas devedoras insolventes. Ele
ensina que o dinheiro e demais bens que passam pelas nossas mãos não nos
pertencem e precisam ser usados corretamente: ou seja, para construir solidariedade,
para beneficiar a pessoa humana, começando pelas mais carentes.
Aquilo que parece esbanjamento e desonestidade é, na verdade,
sabedoria evangélica. Precisamos atuar na vida econômica com critérios
evangélicos. E o critério fundamental é este: ou os bens estão a serviço de uma
convivência social sadia e solidária, ou não servem para nada. Desviar para os
bens econômicos o amor e o afeto que devemos às pessoas humana e ao Reino de
Deus é uma loucura que compromete nossa felicidade pessoal e destrói os laços
sociais. Só o uso solidário pode lavar o egoísmo que suja nosso dinheiro.
Sugestões para a
meditação
§ Retome,
com todas nuances, a parábola que Jesus conta para ensinar seus discípulos o
verdadeiro valor do dinheiro
§ Esta
parábola lhe causa desconforto? Será que Jesus (ou o patrão) elogia a
desonestidade ou a lucidez evangélica do administrador?
§ Veja
como o dinheiro é usado por uma pessoa vulnerável para ajudar outras pessoas em
dificuldades, e isso gera fraternidade
§ Por
que será que Jesus não identifica os “dois senhores” que se opõem como Deus e o
Diabo, mas como Deus e o dinheiro?
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