Qual é o sentido da cruz na caminhada cristã?
849 | 27 de setembro de 2025 | Lucas 9,43-45
Depois
do diálogo formativo e revelador de Jesus com seus discípulos (9,18-22), Lucas
descreve a cena da transfiguração de Jesus e relata a cura de uma criança
epilética (cf. 9,23-42), passagens também omitidas na sequência semanal porque
são indicadas para a solenidade da transfiguração. Nos três versículos
propostos pela liturgia para hoje, Jesus volta a falar aos discípulos sobre seu
destino como messias. É esta a cena e a palavra que meditamos hoje.
Como já vimos
anteriormente, quando o povo manifesta um certo consenso sobre sua identidade
profética, Jesus faz questão de insistir no caminho da paixão na cruz,
manifestando sua certeza nada ingênua sobre o futuro. Como os discípulos nada
percebem e têm dificuldades de entender, Jesus pede que eles “coloquem na
cabeça” este seu anúncio. Jesus está, sim, na linha dos profetas, mas a sua
profecia não é exatamente a mesma dos seus antecessores.
Jesus quer estimular
nos seus discípulos e discípulas a coragem frente às hostilidades que ele e
seus seguidores seguramente enfrentariam, mas aqueles que o seguem mais de
perto continuam obcecados e iludidos com um messianismo político e poderoso, e
não conseguem entender nem aceitar o que Jesus lhes diz, especialmente as
consequências. Não há seguimento sem enfrentamento das dificuldades, não há
fidelidade ao Evangelho sem discernimento das exigências das circunstâncias!
Com esse anúncio, e com
a sua insistência num messianismo de compaixão e despojamento, Jesus quer
“jogar um balde de água fria” no fogo do entusiasmo popular e nas aspirações
desencontradas dos seus próprios discípulos. Ele baixa a ideia de um messias
glorioso para a um messias despojado, compassivo e contra a miséria. Os
discípulos e discípulas não entendem e têm medo de perguntar porque resistem a
este caminho escolhido por Jesus, que seria também o caminho deles. A
dificuldade deles não é intelectual, mas espiritual.
Não se trata apenas de uma dificuldade para entender, mas de uma
resistência para aceitar. Essa dificuldade é claramente ressaltada por Lucas
nestes versículos. A ambição de sucesso e de prosperidade deixa seus discípulos
cegos e acorrentados. Quando, ao se referir a si mesmo, Jesus troca o
substantivo “messias” por “filho do homem” não pretende outra coisa que
desfazer essa ilusão que alimentam sobre ele, e preveni-los em relação ao que
os esperaria no futuro. Será que nós, que seguimos Jesus em pleno século XXI,
assimilamos sua lição?
Sugestões para a
meditação
§ Retome a
cena e as orientações de Jesus no evangelho de hoje
§ Deixe-se
surpreender pelo encontro com Jesus e com seu ensino e sabedoria, abandonando
as expectativas de coisas grandes
§ Como você
acolhe o caminho de despojamento solidário em favor da humanidade que Jesus
viveu e nos propõe?
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