sexta-feira, 26 de setembro de 2025

O lugar da cruz

Qual é o sentido da cruz na caminhada cristã?

849 | 27 de setembro de 2025 | Lucas 9,43-45

Depois do diálogo formativo e revelador de Jesus com seus discípulos (9,18-22), Lucas descreve a cena da transfiguração de Jesus e relata a cura de uma criança epilética (cf. 9,23-42), passagens também omitidas na sequência semanal porque são indicadas para a solenidade da transfiguração. Nos três versículos propostos pela liturgia para hoje, Jesus volta a falar aos discípulos sobre seu destino como messias. É esta a cena e a palavra que meditamos hoje.

Como já vimos anteriormente, quando o povo manifesta um certo consenso sobre sua identidade profética, Jesus faz questão de insistir no caminho da paixão na cruz, manifestando sua certeza nada ingênua sobre o futuro. Como os discípulos nada percebem e têm dificuldades de entender, Jesus pede que eles “coloquem na cabeça” este seu anúncio. Jesus está, sim, na linha dos profetas, mas a sua profecia não é exatamente a mesma dos seus antecessores.

Jesus quer estimular nos seus discípulos e discípulas a coragem frente às hostilidades que ele e seus seguidores seguramente enfrentariam, mas aqueles que o seguem mais de perto continuam obcecados e iludidos com um messianismo político e poderoso, e não conseguem entender nem aceitar o que Jesus lhes diz, especialmente as consequências. Não há seguimento sem enfrentamento das dificuldades, não há fidelidade ao Evangelho sem discernimento das exigências das circunstâncias!

Com esse anúncio, e com a sua insistência num messianismo de compaixão e despojamento, Jesus quer “jogar um balde de água fria” no fogo do entusiasmo popular e nas aspirações desencontradas dos seus próprios discípulos. Ele baixa a ideia de um messias glorioso para a um messias despojado, compassivo e contra a miséria. Os discípulos e discípulas não entendem e têm medo de perguntar porque resistem a este caminho escolhido por Jesus, que seria também o caminho deles. A dificuldade deles não é intelectual, mas espiritual.

Não se trata apenas de uma dificuldade para entender, mas de uma resistência para aceitar. Essa dificuldade é claramente ressaltada por Lucas nestes versículos. A ambição de sucesso e de prosperidade deixa seus discípulos cegos e acorrentados. Quando, ao se referir a si mesmo, Jesus troca o substantivo “messias” por “filho do homem” não pretende outra coisa que desfazer essa ilusão que alimentam sobre ele, e preveni-los em relação ao que os esperaria no futuro. Será que nós, que seguimos Jesus em pleno século XXI, assimilamos sua lição?

 

Sugestões para a meditação

§ Retome a cena e as orientações de Jesus no evangelho de hoje

§ Deixe-se surpreender pelo encontro com Jesus e com seu ensino e sabedoria, abandonando as expectativas de coisas grandes

§ Como você acolhe o caminho de despojamento solidário em favor da humanidade que Jesus viveu e nos propõe?

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