sábado, 27 de setembro de 2025

O banquete e a miséria

A Palavra de Deus é sabedoria que orienta

850 | 28 de setembro de 2025 | Lucas 16,19-31

No capítulo 15 do evangelho, Lucas nos apresenta o apoio elogioso de Jesus a uma mulher que “desperdiça” tempo procurando uma moeda, a um pastor que “esbanja” cuidado com uma ovelha e deixa as outras noventa e nove de lado, e a um pai que “gasta” seus bens para festejar o retorno do filho que o renegara. Isso não nos parece um pouco estranho, habituados que estamos a sermos criteriosos e racionais?

Mais ainda: no início do capítulo 16, no qual se encontra a parábola de hoje, Jesus elogia um administrador que usa o dinheiro do seu patrão para criar vínculos de amizade e fraternidade, e, ao mesmo tempo, critica os fariseus, porque preferem ser “amigos do dinheiro” ao invés de usar o dinheiro para criar fraternidade. A parábola do rico e do pobre Lázaro está neste contexto de busca e acolhida solidária dos marginalizados e do uso correto dos bens materiais.

A parábola é bem conhecida, e é desnecessário descrevê-la. Ela apresenta dois personagens que não estabelecem nenhuma relação um com o outro: estão próximos – o pobre Lázaro está à porta da casa do rico! – mas não têm nada em comum. Mas os personagens não têm a mesma responsabilidade sobre essa falta de relação. Na verdade, foi a indiferença do rico que cavou o abismo – ou levantou o muro – que os separa, apesar da proximidade física. Apenas a morte os atinge por igual.

O foco da parábola é a urgência da conversão, e a atenção ao presente. A polêmica não se dirige exclusivamente contra os ricos, mas ressoa como alerta a todos àqueles que seguem Jesus. Chama a atenção para o lugar que a posse e o uso bens ocupa no Reino de Deus. Não é sinal de sabedoria desfrutar dos bens de forma egoísta. Não é prudente esperar um milagre fabuloso para se converter. Não é cristão viver de qualquer jeito, “de olho” na vida eterna.

E não há como ignorar o papel que a Palavra de Deus ocupa na orientação da nossa vida e do processo de conversão. Quando muitos deliram com milagres apresentados como espetáculo ao vivo e a cores, ou esperam desesperadamente um grande sinal, Jesus diz que nos basta a Escritura. Não há milagre capaz de mudar a vida de quem não se abre à Palavra de Deus, não exercita o diálogo, vive uma indiferença olímpica com tudo e com todos, e se recusa a acolher o outro como irmão.     

                                    

Sugestões para a meditação

§ Leia atentamente as duas cenas dessa parábola, percebendo as características de cada um dos dois personagens

§ Evite resvalar para a tentação de interpretar essa parábola como uma ilustração de como será a vida depois da morte

§ Como você se comporta em relação aos pobres e necessitados, especialmente aos que se organizam e lutam por seus direitos?

§ Por que os cristãos de hoje, mesmo tendo as escrituras e o testemunho de Jesus, não levamos a sério a solidariedade?

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