O discípulo de Jesus não assume postura de juiz!
834 | 12 de setembro de 2025 | Lucas 6,39-42
Um pouco antes desta cena, Jesus deixara claro que
a misericórdia do Pai, expressa concretamente na vida e ação de Jesus, é a
referência e o dinamismo que orienta e move a ação dos cristãos. Nossa condição
no mundo é semelhante àquela dos aprendizes, e não de juízes. Estamos na
estrada, e não sentados no tribunal. Somos irmãos e irmãs, e não magistrados.
Não pode haver crítica legítima sem autocrítica. É nosso amor aos mais
vulneráveis que nos julgará no entardecer da vida.
No trecho de hoje, Jesus não se dirige aos fariseus
ou doutores da lei, mas à comunidade de discípulos e discípulas. Para
preveni-los do risco da crítica infundada e de assumirem a postura de
superiores e juízes, Jesus recorre a dois provérbios ou sentenças: aquele do
cego que se oferece nesciamente como guia; aquele do cisco no olho que impede
de ver claramente a sujeira externa.
A advertência de Jesus é clara: todos nós podemos
ser cegos e levar os outros a tropeçar e a cair; ninguém está em condições de
julgar ninguém; não podemos criticar ninguém se não exercitarmos a autocrítica
diante de Jesus e do seu Evangelho; em relação aos outros, somos irmãos, e não
juízes. Quando esquecemos isso, acabamos por manifestar nossa petulância e
hipocrisia, e mostrando que somos iguais aos criticáveis fariseus e doutores da
lei. Não há lugar para a soberba e para tribunais penais no interior da
comunidade cristã!
E a regra também é meridianamente clara: nossas
relações devem pautar-se pelas relações de Jesus, único mestre e guia capaz de
conduzir à vida e à verdade. Como discípulos do profeta de Nazaré, não somos
maiores nem podemos ser diferentes do mestre. “Todo discípulo bem formado será
como o mestre”. E Jesus não pautou sua vida pelo julgamento e pela condenação,
mas pelo amor que liberta e edifica. É claro que isso não elimina a profecia,
que nasce da paixão pela verdade. Aliás, a fraternidade, a acolhida e o
respeito aos diferentes não é uma profecia eloquente?
Somente as pessoas que têm o olhar limpo e o coração puro (consciência
dos próprios limites) estão em condições de ajudar e criticar os outros, e
sempre como irmãos e irmãs. A misericórdia do Pai, que é bondoso tanto para com
os bons como para os ingratos e maus, será sempre a nossa medida. Quem somos
nós para colocarmo-nos acima dele? Quem teria competência e legitimidade para
corrigir o próprio filho de Deus, ele que não foi enviado para julgar e
condenar, mas para salvar?
Sugestões para a
meditação
§ Retome cada palavra e cada comparação
ou figura usada por Jesus e tente perceber o que significam para você
§ Você percebe, em você mesmo e na sua
comunidade, sinais da tentação de ser como um cego que quer guiar cegos,
corrigir os outros sem fazer autocrítica?
§ Como podemos conjugar a renúncia a
julgar e condenar os outros com o dever de agir e falar com coragem profética
diante das injustiças e mentiras que ferem nossos irmãos e irmãs?
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