quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Roupa nova e vinho novo

É festa de casamento, e o vinho novo é o melhor!

827 | 05 de setembro de 2025 | Lucas 5,33-39

Depois da pesca frutuosa e do chamado de Pedro e seus companheiros de trabalho, nas cenas que a sequência litúrgica trata noutras oportunidades, Jesus cura um leproso (v. 12-16) e um paralítico (v. 17-26), chama o publicano Mateus a segui-lo e vai à casa dele se confraternizar com outros cobradores de impostos e pecadores (v. 27-32). Isso provoca desconforto nos fariseus, que começam a questionar as práticas religiosas de Jesus e o comportamento dos seus discípulos.

Ao interpelar Jesus a respeito do comportamento dos discípulos, os fariseus querem atingir o próprio Jesus. O ponto de discordância é o jejum praticado pelos fariseus e também por João Batista e seus seguidores. Jesus e seus discípulos fazem pouco caso do jejum e priorizam a festa e a confraternização. Levi se converte ao Evangelho de Jesus e, ao invés de fazer jejum, organiza uma festa, para a qual convidou outros cobradores de impostos. É quase uma provocação às tradições dos judeus.

Na sua resposta, Jesus não despreza o jejum, mas justifica a alegria e a esperança que nascem da chegada do Reino de Deus. E faz isso recorrendo a duas sentenças ou parábolas que contrapõem uma realidade velha e uma novidade. A palavra “novo” aparece quatro vezes nestes versículos, e se refere ao Reino de Deus, à nova Aliança assinada por Jesus. Nesta aliança-casamento, Jesus é o noivo da humanidade, e o vinho e o vestido apontam para a festa e a alegria.

Quem entra na lógica do Reino de Deus assume um estilo de vida divergente a alternativo àquele vivido como fachada e de um modo superficial: a purificação que agrada a Deus e faz bem às pessoas é interior, e não exterior. Para alguns judeus, mormente os mais piedosos, a abertura à novidade do Reino de Deus anunciado e inaugurado por Jesus é difícil, e eles preferem remendos numa roupa velha ou o vinho velho, ao qual já se habituaram, mesmo que tenha perdido qualidade e sabor.

Os discípulos de Jesus são convidados e perceber e viver essa novidade, deixando de lado “velhas lições” e “velhos hábitos”, rigorosos e excludentes, que levam a formar guetos fechados de pessoas que se consideram perfeitas e superioras às demais, e tratam as outras com desprezo, chegando até a atitudes e palavras violentas.

 

Sugestões para a meditação

§ Retome pacientemente o episódio, começando pelo chamado de Levi e pela festa na casa dele (v. 27-32)

§ Perceba o escândalo e o desconcerto dos fariseus diante da troca da austeridade e do jejum pela confraternização à mesa

§ Deixe-se inspirar pelas imagens do Reino de Deus: o remendo novo em roupa velha, o vinho novo em pipas antigas e a festa da Aliança

§ Você percebe, em você e sua comunidade, sinais da tentação de usar o Evangelho para remendar práticas que nada tem a ver com eles?

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